Segundo estudo, porém, logística, falta de acesso a capital e burocracia freiam setor O brasileiro está pronto para a revolução digital, mas o País enfrenta desafios que vão de falta de infraestrutura, baixo investimento no setor de tecnologia e baixa produtividade.

É o que aponta relatório feito pela Mckinsey, em parceria com o Brazil at Silicon Valley, conferência organizada por estudantes brasileiros da Universidade de Stanford com o objetivo de usar inovação e tecnologia para ajudar a aumentar a competitividade do País. O evento acontece em Mountain View, Califórnia, no Museu da História do Computador, um dos ícones do Vale do Silício.

“É o primeiro grande levantamento do setor no País. Fornece um panorama importante, que responde várias das perguntas que muitos investidores me fazem”, diz Hugo Barra, vicepresidente de realidade virtual do Facebook, e padrinho do evento. “Avançamos bastante, basta lembrar os oito unicórnios (startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão) que nasceram no Brasil o ano passado. Mas temos muito a fazer.” O País tem 67% da população com acesso à internet, é o segundo que mais usa as redes sociais: fica cerca de 9 horas por dia conectado. No entanto, a velocidade média da internet, de 13 Mpbs, fica bem abaixo da média global, de 31 Mpbs.

Embora seja o segundo ou o terceiro maior mercado de gigantes como Facebook, Netflix e WhatsApp, o Brasil tem dificuldades para atrair operações mais robustas de gigantes do eecommerce, como a Amazon.

“Há um problema de logística.
A última milha no País, por questões de infraestrutura ou mesmo segurança, é complicada. Isso encarece a operação”, explica Nicola Calicchio, um dos responsáveis pela pesquisa.

O Brasil também tem pouca representatividade da tecnologia na Bolsa. Enquanto nos Estados Unidos as cinco primeiras colocadas pertencem ao setor, o ranking brasileiro não tem nenhuma representante. Na China, as duas maiores empresas são gigantes da tecnologia.

A burocracia também é um entrave. O País está entre os menos favoráveis à abertura de novos negócios, na posição 109 em ranking do Banco Mundial.

“Isso é muito nocivo para uma área em que falhar faz parte do negócio e é preciso virar a página rapidamente”, diz Calicchio.

O estudo mostra, porém, que as fintechs estão entre os melhores exemplos da inovação no País: passaram de 50 para 400 em três anos. Sete milhões de clientes abriram contas em bancos digitais. O Brasil tem 25 hubs de inovação, mas os investimentos de venture capital em comparação com o PIB, embora tenham se multiplicado nos últimos anos, representam um décimo da mesma proporção nos Estados Unidos. O número de pessoas formadas no País em ciência, tecnologia, engenharia e matemática, áreas cruciais para tecnologia, é de 2 milhões, ante 15 milhões nos EUA e 20 milhões na China.

Evento. Com a ambição de aumentar a relevância do País no cenário global, a conferência, que termina hoje, reuniu cerca de 700 empreendedores, investidores, estudantes e gestores públicos para discutir os desafios do Brasil em quatro áreas: educação, saúde, finanças e administração pública.
A sessão de abertura foi uma conversa entre o investidor Jorge Paulo Lemann, sócio-fundador do fundo 3G e Scott Cook, fundador da Intuit, sobre como incentivar inovação em grandes corporações.
Estarão ainda nos painéis investidores como Doug Leone, um dos principais fundos de venture capital do mundo; Micky Malta, fundador da Ribbit Capital, especializada em fintechs; Zac Bookman, presidente da plataforma OpenGov; e Jim Knight, ex-ministro de educação britânico que está à frente da plataforma de treinamento de professores TES.

André Street, fundador da Stone; David Velez, presidente do Nubank; Stelleo Tolda, que comanda o Mercado Livre no Brasil; e Eduardo Mofarrej, ex-Tarpon e fundador do Renova BR, são alguns dos debatedores dos painéis. Além de Lemann e Barra, entre os padrinhos do evento estão nomes como Carlos Brito, presidente da AB InBev, e o apresentador Luciano Huck Fonte:O Estado de S.Paulo
Leia mais em portal.newsnte 09/04/2019