A BRF planeja aumentar a receita anual para R$ 100 bilhões na próxima década, em relação aos R$ 38 bilhões estimados por analistas para este ano (Imagem: YouTube/BRF Global)

A BRF (BRFS3), segunda maior produtora de aves do mundo, está de olho em aquisições como parte de um novo plano de expansão no exterior que visa elevar a rentabilidade.

A expansão planejada terá como foco a fabricação de alimentos processados para mercados desenvolvidos para ajudar a melhorar as margens da empresa, disse em entrevista o diretor-presidente da BRF, Lorival Luz. A empresa pretende fabricar e vender alimentos processados na América do Norte, Europa e mercados desenvolvidos da Ásia como parte de um plano de investimentos de 10 anos anunciado na terça-feira.

“Seremos uma empresa global de alimentos”, disse Luz.

A BRF planeja aumentar a receita anual para R$ 100 bilhões na próxima década, em relação aos R$ 38 bilhões estimados por analistas para este ano.

A BRF, que busca retomar as aquisições após melhorar o perfil da dívida, tem como possíveis alvos países como EUA, Canadá e México, bem como Japão, Coreia do Sul, Filipinas e leste da China, disse Patricio Rohner, vice-presidente de mercados internacionais, na mesma entrevista. A estratégia é entrar em novos mercados por meio de aquisições e se expandir ainda mais por meio do crescimento orgânico.

“Vemos muito consumo nos mercados desenvolvidos, mas faltam boas ideias, soluções e eficiência na cadeia de custos”, disse Rohner. “Vemos uma grande oportunidade para a BRF.”

Alimentos processados

A BRF é a maior produtora de alimentos processados do Brasil, com mais de 5 mil produtos em seu portfolio, de margarinas a lasanhas, mas sua presença global se destaca principalmente pela carne de frango in natura e suína. Produtos de valor agregado respondem por 10% das vendas ao exterior, segundo Rohner, e a meta é chegar a 50% em 10 anos.

O modelo internacional de negócios deve ser diferente do adotado no Brasil, onde a BRF é responsável por todas as etapas da cadeia alimentar avícola, desde a criação até a produção de refeições prontas, disse Rohner. Para as operações globais, a empresa planeja comprar matéria-prima de fornecedores locais ou importar das operações brasileiras.

A empresa também pretende se expandir ainda mais no importante mercado halal, de alimentos certificados de acordo com a lei islâmica, com investimentos para expandir instalações existentes. Além do Brasil, a BRF tem produção na Turquia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

A BRF planeja que produtos de valor agregado respondam por 70% das vendas totais até 2030 frente aos atuais 50%. A meta será alcançada com foco na venda de alimentos processados no exterior e no Brasil, disse Luz. Isso ajudaria a BRF a alcançar maior estabilidade de lucro e margens mais fortes, e permitiria retomar o pagamento de dividendos antes de 2023, disse.

A BRF suspendeu o pagamento de dividendos em 2016.

Esta não é a primeira vez que a BRF anuncia um plano ambicioso para se tornar uma empresa global de alimentos: sua tentativa anterior foi interrompida por problemas relacionados à segurança alimentar e uma mudança de gestão conturbada há alguns anos. Esses fatores contribuíram para o aumento da dívida, o que levou a empresa a vender empresas na Europa, Tailândia e Argentina.

Luz, que assumiu o comando da BRF em 2019, diz que agora a empresa está “pronta para começar um novo capítulo”.

A BRF, que busca retomar as aquisições após melhorar o perfil da dívida, tem como possíveis alvos países como EUA, Canadá e México, bem como Japão, Coreia do Sul, Filipinas e leste da China… Leia mais em moneytimes. 09/12/02020