São evidentemente positivas as conclusões do estudo da Grant Thornton, uma das principais empresas de consultoria do mundo, divulgado hoje com exclusividade pelo BRASIL ECONÔMICO.

Pesquisa realizada junto a 11 mil empresas de 36 países revela que quase metade das companhias brasileiras (46% para ser mais preciso) pretende ir às compras ou estabelecer fusões no ano que agora se inicia.

Trata-se de uma boa notícia, pois demonstra um forte apetite dos empresários locais para expandir suas operações. Aquisições e associações com outras companhias são o caminho mais rápido para o crescimento de uma organização ou para ingressar em uma nova área de atuação ou num mercado geográfico até então inexplorado.

De um dia para o outro, os negócios podem multiplicar de tamanho. Mas a felicidade também pode ser fugaz. Há grandes desafios a vencer para que essa união não se transforme em um pesadelo.

Questões financeiras são, na maioria das vezes, resolvidas com uma boa e cuidadosa auditoria, embora raramente o comprador deixe de encontrar “esqueletos nos armários” depois de assumir o novo negócio.

Os grandes obstáculos surgem, porém, no campo dos relacionamentos. De uma hora para outra, empresários habituados a centralizar decisões e a imprimir seu próprio ritmo à gestão da empresa precisam prestar contas e dividir parcelas de seu poder, até então absoluto, com os novos sócios.

Uma situação como essa pode tornar as decisões estratégicas mais lentas. As dificuldades na união entre duas empresas podem se estender para outras esferas da organização.

Em casos de fusão e aquisição, são relativamente comuns os conflitos gerados por diferenças culturais. Já se tornou clássico o exemplo da união entre Chrysler e Daimler-Benz ocorrida no final dos anos 90 do século passado.

O que era para ser a gênese da maior fabricante de veículos do mundo desabou por conta de diferenças irreconciliáveis entre dois estilos de gestão. Um dos confrontos mais folclóricos entre as duas culturas foi desencadeado a partir de uma discussão sobre os tamanhos dos cartões de visita da empresa que estava surgindo.

Consultores em gestão advertem que tão importante quanto promover uma due diligence nas finanças é preparar o ambiente de trabalho para uma nova realidade. Funcionários da companhia adquirida sentem-se inseguros em relação ao seu futuro profissional e até podem ser atingidos em sua autoestima.

Por outro lado, o lado “comprador” tem uma propensão a desenvolver o que alguns especialistas em psicologia do trabalho chamam de “síndrome do colonizador”, ou seja, o sentimento de posse em relação à empresa recém-adquirida. Evitar esses dois sentimentos é uma tarefa complexa e delicada, mas fundamental para o sucesso da empreitada.Por Joaquim Castanheira Diretor de Redação do Brasil Econômico
Fonte:BrasilEconômico04/01/2012