A processadora de cartões de crédito e débito Cielo e a Linx, fabricante brasileira de software para o setor varejista, anunciaram nesta segunda-feira, 2, a assinatura de memorando de entendimentos para a criação de uma joint venture que terá como foco o desenvolvimento e a comercialização de uma solução integrada de automação comercial, software de gestão e plataforma de pagamentos eletrônicos para pequenos varejistas. As empresas não revelaram qual será o nome da nova companhia nem os termos financeiros envolvidos na operação.

Segundo as empresas, a nova oferta, inédita na América Latina, traz para o Brasil o conceito de IPOS (Integrated Point of Sale) e fornecerá aos pequenos varejistas uma solução integrada e flexível para atender às necessidades específicas dos diversos segmentos. Na prática, a união do software da Linx com a plataforma da Cielo se dará exatamente de acordo com as necessidades do cliente, que poderá adotar uma interface mais moderna, como um tablet, ou mais tradicional, como um desktop, para a gestão do dia a dia do seu negócio.

Para a Cielo, a iniciativa amplia a sua atuação como uma empresa multisserviço e atende a necessidade desse mercado, que busca a conveniência de fazer a gestão do seu negócio em uma única plataforma. “Essa parceria contribuirá significativamente para a evolução de toda a indústria de cartões e para cada um dos setores da economia que se beneficiam dos meios eletrônicos de pagamento, em especial, os pequenos varejistas com até cinco lojas”, afirma Rômulo de Mello Dias, presidente da Cielo.

A Linx, por sua vez, acredita que o acordo viabilizará soluções que agregarão valor ao varejo, um segmento ainda pouco atendido por softwares de gestão e automação comercial. “A Linx entende que o varejo irá mudar mais nos próximos anos do que mudou nas últimas décadas, exigindo novas formas de vender e se relacionar com o consumidor”, declara Alberto Menache, diretor presidente da Linx.

Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Linx informa que o memorando não tem caráter vinculante, ou seja, não têm o caráter de obrigatoriedade, e que o mercado será informado com maiores detalhes da parceria, de acordo com o desenvolvimento da operação. A conclusão do negócio está sujeita à aprovação das autoridades regulatórias aplicáveis, à assinatura dos documentos definitivos e às aprovações internas pertinentes. Leia mais em tiinside 02/06/2014

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Cielo costura acordo com a Linx para reter pequenos lojistas

A aliança entre a credenciadora de cartões Cielo e a Linx, empresa de gestão de sistemas para varejo, promete ser um trunfo para que a Cielo se defenda do avanço dos concorrentes em um mercado tradicionalmente seu: as pequenas e médias empresas. A disputa por esse segmento ficou mais acirrada nos últimos anos, na medida em que se tornou o alvo preferencial de um dos novos competidores do segmento de captura de cartões no varejo, o Santander, e entrou no radar da rival histórica da Cielo, a Rede (ex-Redecard).

Ontem, Cielo e Linx firmaram um memorando de entendimentos para constituir uma nova empresa, em que cada uma terá 50% de participação, que vai oferecer a lojistas sistemas de gestão de varejo combinados com ferramentas para aceitação de cartões. O público-alvo serão comércios de até cinco lojas e receita inferior a R$ 2 bilhões. Na base atual da Cielo, de 1,5 milhão de lojistas ativos, cerca de 1 milhão estão nesse corte. A nova empresa deve começar a operar na primeira metade de 2015.
“Esse é um lojista que estava sem assistência e para quem não tinhamos produtos”, afirma o diretor presidente da Linx, Alberto Menache. No rol de serviços que farão parte do novo sistema estão o controle de estoques e de contas a receber, catálogos de produtos e outros. A Linx atua hoje em redes varejistas de médio e grande portes. Nesse segmento, a companhia é líder de mercado, com 32,7% de participação e 25 mil clientes.

“É uma tentativa de sairmos na frente em termos de inovação, de criar um produto que não é commodity no mercado”, afirma o presidente da Cielo, Rômulo de Mello Dias. O executivo cita uma série de iniciativas semelhantes nos Estados Unidos no ano passado, que ajudaram a companhia a avançar na associação, que vem sendo negociada desde 2013. Levantamento realizado com 800 lojistas pela Cielo concluiu que 52% não têm sistema de automação comercial.

Se confirmada a criação da joint venture, receitas com tarifa de desconto cobrada de lojistas e com aluguel de equipamentos de captura de cartões não serão englobadas pela nova empresa e continuarão a pertencer diretamente à Cielo. Na joint venture ficam as receitas da espécie de assinatura mensal que o lojista paga pelos sistemas de gestão da Linx.

Entre os detalhes ainda indefinidos está como a Cielo será remunerada pela base de clientes que levar para a Linx. O acordo também não prevê exclusividade entre as duas empresas.

“Ao juntar forças com a Linx, a Cielo está tentando proteger sua base de lojistas em um período em que se espera uma competição mais intensa”, afirma Victor Schabbel, analista do Credit Suisse, em relatório. Para Schabbel, a oferta combinada também ajuda a reter lojistas na Cielo, já que dificulta a migração para a concorrência.

Encontrar formas de segurar a concorrência é a grande tarefa da Cielo nos próximos anos. No primeiro trimestre, a companhia capturou cerca de 56% das transações com cartões no varejo. Os rivais, porém, têm se movimentado. O Santander anunciou parceria com a Ambev para permitir que pequenos comércios paguem a distribuidora de bebidas eletronicamente.

Não é a primeira vez que uma credenciadora tenta associação desse tipo no Brasil. Caso da americana Elavon, que firmou, em 2012, parceria com a Bematech, que faz impressoras fiscais, com propósitos parecidos. Até agora, a Elavon não decolou no país e tem menos de 1% de mercado.  Valor Econômico [Felipe Marques e Cibelle Bouças] | Leia mais em cardclipping 03/06/2014