Um dos termômetros da atividade econômica, fusões e aquisições (M&As, na sigla em inglês), avançou 69,4% no Rio Grande do Sul no ano passado. Levantamento da consultoria KPMG aponta que foram realizadas 78 operações desse tipo no Estado, em 2021, ante 46, em 2020. No Brasil, a alta é maior. Chega a 72,8%, com 1.931 transações concluídas no ano passado. Os resultados consolidam os últimos 12 meses como o período mais movimentado desde 1996, ano em que se iniciou a pesquisa.

Outro dado do Relatório mensal do Transacional Track Record (TTR) indica que, até novembro, eram contabilizados R$ 14,66 bilhões em negócios gaúchos desse tipo. Equivale a uma fatia de 3,12% dos R$ 467,9 bilhões que mudaram de mãos em todo o país.

De acordo com Aldo Macri, sócio da KPMG, o aumento no volume de operações pode ser explicado, principalmente, pela pandemia. Se puxou o freio de mão dos investimentos em 2020, também forçou as empresas a buscar soluções de tecnologia no mercado, e muitas foram concluídas em 2021.

Quando falamos em fusões e aquisições, um nicho relevante é formado por startups e empresas de tecnologia que operam na internet. São elas que trazem para as grandes corporações um olhar mais atento ao mercado — analisa Macri.

Segundo o especialista, o movimento de grandes empresas em busca de alternativas tecnológicas foi impulsionado nos últimos meses. Agora, a expectativa é de que esse comportamento permaneça por um ciclo mais duradouro.

Em 2021, a gaúcha SLC Agrícola foi ao mercado em um dos segmentos mais tradicionais do Rio Grande do Sul, o agronegócio. Em julho, comprou a empresa de imóveis rurais Terra Santa, em transação avaliada em R$ 753 milhões. Em abril, já havia selado o arrendamento de 39 mil hectares com a Xingú Agrícola, pertencente ao Grupo Mitsui.

CEO da companhia com sede no Estado, Aurélio Pavinatto afirma que, em ambos os casos, o efeito é o mesmo: consolidação do setor e oportunidade de expandir em até 44% a área plantada. Agora, são 22 fazendas, em sete Estados, com um portfólio superior a 300 mil hectares.

Por se tratar de duas companhias com ações negocidadas na bolsa de valores, a aquisição da Terra Santa envolveu a incorporação de ações e a separação de vertentes. Uma parte — a de propriedades agrícolas — continua no mercado. O que passou à gestão da SLC foi a Terra Santa Operadora, rebatizada de SLC Centro Oeste.

— Nesse momento, a decisão foi expandir sem comprar o ativo terra, que demanda muito capital. Conseguimos fazer isso, e dentro de um dos nossos pilares que é crescer reduzindo o capital aplicado com contratos de arrendamento de longo prazo — diz Pavinatto.

A SLC também estruturou, recentemente, alguns braços para monitorar ecossistemas de startups. A meta: trazer inovações para dentro das propriedades. Do processo, nasceram outros dois investimentos, um já consolidado no ano passado, não divulgado pela empresa, e outro com a opção de compra de participação societária na Aegro, que oferece um sistema de gestão agrícola que atualmente é usado em 4,5 mil fazendas…saiba mais em gauchazh 03/02/2022