Em 2014 quando a 2B capital comprou 48% da varejista de roupas Aramis, a gestora de private equity do Bradesco aceitou colocar Richard Stad – o filho do fundador de apenas 28 anos – como CEO.

Mas incluiu uma cláusula no contrato.

A cada dois anos, sua performance seria avaliada, e se a Aramis estivesse abaixo dos peers, ele seria ejetado da cadeira.

De lá para cá, Richard não só garantiu sua vaga como CEO como levou a Aramis a um novo patamar – dobrando o número de lojas e a receita, e reformulando o portfólio de produtos.

Há quatro anos, a Aramis passou a focar no que ela chama de ‘casual sofisticado’ – camisas de malha e polos pima deixando para trás os ternos e gravatas que deram origem à empresa em 1995.

Hoje, a roupa social responde por menos de 5% da receita da empresa, que espera faturar R$ 350 milhões este ano, 20% acima de 2019, com EBIDTA de R$ 41 milhões.

O timing da mudança foi perfeito: com a pandemia, a venda de roupas sociais despencou — por motivos óbvios — e a de peças casuais subiu na mesma proporção.

O cliente médio da Aramis também rejuvenesceu 10 anos. Em 2017, a principal demografia da empresa (cerca de 30% das vendas) tinha entre 40 e 49 anos. Hoje, tem entre 30 e 39.

Agora, Richard está preparando a companhia para uma nova virada de chave. Ele está reformulando todas as suas lojas para um novo conceito e tem planos de M&A — tanto de marcas pequenas nativas digitais quanto de um grande concorrente.

Vestuário
Aramis – crédito – divulgação

O objetivo final: levar a companhia para um IPO nos próximos anos.

“Até agora não fizemos nenhuma aquisição na nossa história,” Richard disse ao Brazil Journal. “Mas o nível de governança que estamos construindo nos permite olhar para marcas que têm bons ativos e usar essa governança, tecnologia e gestão para melhorar e escalar esses ativos.”

Em abril, a Aramis criou um conselho consultivo (ela já tem um conselho de administração desde 2014) para impulsionar os projetos que está tocando na companhia e acelerar o digital.

A Aramis tem 20 projetos paralelos e oito deles passam por esse conselho — que conta com Diego Barreto, CFO e vp de estratégia do Ifood; Paula Andrade, vp da Natura; Ariel Grunkraut, CMTO do Burger King; e André Shinohara, empreendedor e investidor.

A Aramis está querendo se tornar uma consolidadora num mercado que recentemente se consolidou ao redor de dois grandes polos: o Grupo Soma — dono da Farm, Animale e Nati Vozza — e a Arezzo, que comprou a Reserva e a BAW. Ambas com a mesma estratégia de se tornar a principal ‘house of brands’ brasileira.

Richard acredita que há espaço para mais uma peça nesse armário.

“Podemos ser um terceiro player disputando esse jogo,” disse ele. “O mercado teve muitos movimentos desde 2014, mas isso também abriu uma avenida de oportunidades.”…Leia mais em braziljournal 26/08/2021