Vitória Oliveira, de 29 anos, trabalha desde os 15 com consultoria de RH. Ela trilhou a carreira nessa área com “um milhão de dúvidas”, mas certa de que queria trabalhar com empregabilidade, por vir de uma origem simples e o trabalho ter mudado a sua vida. Hoje, ela comanda a Connectabil, startup que faz a triagem de candidatos para vagas das áreas contábil e financeira. Em funcionamento desde 2019, a empresa faturou R$ 2 milhões no ano passado e espera crescer quatro vezes em 2023.

Pouco antes de começar a empreender, em 2017, Oliveira fez um mochilão de um ano na Europa, durante o qual conversou com outros profissionais da área para conhecer mais ideias sobre empregabilidade. “Conforme eu conversava com essas pessoas, tudo me remetia à contabilidade, porque no início da minha carreira eu trabalhei dentro de escritórios da área, então eu conhecia muito bem esse mundo”, lembra.

A empreendedora conta que a rotatividade de funcionários na área contábil é maior do que a de outros nichos. Então, viu nesse mercado uma oportunidade de negócio. Antes de colocar a ideia em prática, ela fez um teste. “Contratei uma pessoa no Brasil e pedi para que ela ligasse para uma lista de escritórios de contabilidade, falando que era da área de recrutamento de seleção”, conta.

Para que essas ligações pudessem acontecer, ela precisou pensar em um nome para a empresa. Foi da junção da ideia de conexão com a área de contabilidade que ela pensou em Connectabil. “As pessoas começaram a querer realmente abrir vagas com a gente”, lembra. Em 2018, ela antecipou o retorno ao Brasil e começou a estruturar o negócio e desenvolver a tecnologia.

Connectabil abre rodada de investimentos para impulsionar expansão geográfica

“Nesse um ano, eu também estudei sobre o mercado e fui entender porque o turnover era tão alto”, explica. Ela explica que o calendário da área tem mais de 120 eventos. Caso eles percam algum funcionário, é preciso contratar um novo rapidamente. A pressa faz com que os escritórios contratem as pessoas levando em consideração apenas a técnica, e muitos dos convocados não tem afinidade com a empresa. Por isso, acabam deixando o emprego.

No ano seguinte, Oliveira convidou Thais Cacian e Rubia Basile, que trabalhavam na área de vendas, para serem suas sócias e colocou a startup em funcionamento.

A solução oferecida pela Connectabil consiste em um algoritmo baseado em inteligência artificial e aprendizado de máquina que apura a parte técnica e o fit cultural entre a empresa e o candidato. O participante coloca o currículo na plataforma, e ela identifica seus conhecimentos e suas habilidades, preparando testes para colocar a capacidade técnica à prova.

“Somos mais objetivos, colocamos realmente o que faz sentido para aquele candidato comprovar ou não, e ele já consegue demonstrar aquela capacidade técnica”, explica. Quando um candidato erra alguma questão, a plataforma oferece videoaulas para ajudar a formá-los.

Para apurar o fit cultural, tanto o candidato quanto as empresas fazem testes sobre esse aspecto. “O objetivo é entender o comportamento do indivíduo quando ele está no coletivo e avaliar se os valores que pautam esse comportamento são aderentes ao que se espera naquela empresa”, afirma. Para isso, são abordadas questões sobre liderança, desafios e coletividade. O teste é gamificado e gera um avatar do candidato e da empresa, mostrando se há um “match” entre eles.

Segundo a fundadora, enquanto os processos tradicionais costumam durar em média um mês, a startup consegue finalizar um recrutamento em 10 dias. A solução é vendida para outras empresas em pacotes ou de forma pontual, para um processo seletivo específico. Ela conta que, desde a fundação da Connectabil, a startup fechou 5 mil contratações e atendeu mais de 70 mil candidatos de 300 clientes.

Depois de faturar R$ 2 milhões em 2022, o objetivo é quadruplicar a cifra em 2023. Outra meta é expandir a atuação educacional, com comunidades de contadores, ajudando as pessoas a aprimorar as suas habilidades e os seus currículos.

A startup também está com uma rodada de investimento seed aberta, com duração de 18 meses. A ideia é usar o investimento para expandir a atuação da empresa para nível nacional. Hoje, a Connectabil atua principalmente em São Paulo, Minas Gerais e no Rio de Janeiro. ….. leia mais em PEGN 16/06/2023