SÃO PAULO – Apenas dois fatores poderiam colocar fim ao processo de crescimento do Brasil: crise de energia ou no balanço de pagamentos. A avaliação é do economista e ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto, que vê no pré-sal a possibilidade de se eliminar esses dois perigos de uma só vez.

“Temos condições de crescer 5% ao ano, nos próximos 20 anos, sem nenhuma dificuldade maior”, calculou durante palestra sobre perspectivas para a economia brasileira, realizada nesta quinta-feira, em São Paulo. O economista ressaltou que o Brasil só vai deixar de crescer se houver uma péssima administração pública. “Cada vez mais há a consciência de que se alguma coisa precisa melhorar nesse país é o próprio governo.”

Delfim Netto elogiou a presidente Dilma Rousseff e a ministra do Planejamento, Mirian Belchior, ressaltando que na questão de eficiência elas representam “um avanço imenso”. O economista também não deixou de comentar os desempenhos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.
“Em 2002, quando o Lula assumiu, nós estávamos falidos, mas preparados. O Brasil engatou o seu trenzinho no mundo, com a expansão mundial, em que a China foi muito importante, e nós nos tornamos credores do Fundo Monetário Internacional ”, contextualizou. “Mas isso não se deve ao governo, apenas. Ele seguiu a política econômica correta, mas teve um “assoprão” do mundo. É até injusto, porque o Fernando [Henrique Cardoso] foi um grande presidente”, avaliou.

“Nosso navio estava no mar. O nível do mar subiu e o navio subiu junto. O Lula pensa que foi ele que elevou o nível do mar”, complementou.

Valor 09/06/2011