Eduardo Grabowsky está à frente do centenário grupo Luxor, um negócio criado pelo avô para atividade hoteleira e que vem se reinventando nas últimas décadas. Além de investimentos em startups e ações globais, é a Luxor Agro que virou a menina dos olhos do family office. A vertical de investimentos em fazendas de agricultura regenerativa vem ganhando fôlego aos poucos – mas tem planos ambiciosos e deve fazer uma rodada de captação com investidores em breve.

“Como um grupo essencialmente brasileiro, a gente sempre teve simpatia pelo agro, onde o país tem vantagens competitivas. Sempre tivemos fazendas, mas meio como investimento imobiliário, mas não como negócio até 2016”, conta Grabowsky. Foi naquele ano que o grupo começou a esboçar o que seria a Luxor Agro, com a proposta de trazer para o setor práticas de gestão de primeira linha.

Daniel Baeta, CEO da Luxor Agro, chegou ao grupo nesse período, um engenheiro civil que foi buscar uma imersão rural – foram dois anos morando em fazenda e viajando o Brasil e exterior para conhecer as operações mais modernas, até chegar ao formato que a Luxor queria explorar, em 2018. “A capacidade técnica nas fazendas é grande, mas normalmente a capacidade empresarial é ruim. Há uma desconexão de temas ambientais e climáticos e por isso a gente queria alguém para tocar o negócio que não estivesse com os vícios do setor”, diz Grabowsky.

Dos hotéis às fazendas
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É um modelo mais intuitivo, sem KPIs, sem orçamento definido ou folha de pagamento, já que normalmente uma fazenda é tocada por uma família, descreve. “A gente quer ter os indicadores de performance, gerar dados, ter governança, balanço. Nos espelhamos em negócios bem tocados, como a SLC, e outras referências internacionais que são de menor porte, como Savory e Boulder”, diz o CEO.

A Luxor Agro opera fazendas, na tese de investir em terras produtivas no Brasil e fazer agricultura regenerativa em larga escala – hoje, isso é feito em três unidades de negócio. A maior delas é a Lotus, uma operação no oeste do Mato Grosso, com 22 mil hectares, onde a companhia está transformando a pecuária convencional a pasto em um sistema de produção que vai integrar lavoura, pecuária e silvicultura. “Ali, a regeneração é de paisagem, água e solo”, diz Baeta.

Na Pasto Vivo, também no Mato Grosso, a área de 1,2 mil hectares está sendo transformada em um negócio agroflorestal, que une pecuária com produção perene de castanhas e grãos – proteína animal e proteína vegetal. Esse projeto é uma sociedade com Fernando Russo, fundador da Meraki Impact, de investimentos de impacto. O terceiro e mais novo é voltado à flora regenerativa, uma operação de cafés especiais no sul de Minas, também com sócios locais que detinham a área.

No levantamento da Luxor, o primeiro quartil de produção pecuária no Brasil dá lucro na casa de R$ 900 por hectare. Quando inclui agricultura integrada, vai a R$ 4 mil por hectare. “Com sistema regenerativo, é mais um ganho, com a possibilidade de vender crédito de carbono e colocar prêmio de preço no produto”, diz Baeta, citando um prêmio de 40% no café sobre a média da região. “Sai de um negócio que gera 4% sobre o capital investido para 12% a 15%. Isso é geração de caixa porque tem parte do resultado ainda que é a valorização patrimonial”, diz Baeta.

“Queremos ser o maior grupo de agricultura regenerativa do Brasil e, automaticamente, do mundo”, diz Grabowsky. Para isso, a Luxor vai trazer sócios externos para o negócio, modelo um pouco diferente do que o single family office está acostumado a fazer, em seu patrimônio de R$ 1,5 bilhão.

Já começamos a conversar com investidores para uma captação no final deste ano. É um negócio de longo prazo, uma fase de desenvolvimento relevante de cinco a oito anos, com alguns rounds no caminho”, diz o sócio.

A avaliação mais recente da Deloitte deu à companhia de agro valor de R$ 550 milhões, o que serve de ponto de partida nas conversas com potenciais investidores. “Não estamos ainda falando do valor de rodada, mas tem que ser um valor transformacional. É um negócio gerador de caixa, com capacidade de crescimento com o próprio lucro, então tem que ser investidor que faz sentido estratégico.”

Regenerativa, aliás, é uma característica da própria Luxor. “A possibilidade de durar por tantos anos vem da capacidade de fazer transições, de uma coisa quase filosófica de saber morrer e saber nascer. Soubemos o momento de sair da hotelaria e da concentração 100% Brasil”, avalia Grabowsky.

Em venture capital, a Luxor não tem uma tese de investimento, diz o sócio, mas busca empresas bem tocadas, seja de que setor for – aberta ou fechada. Na carteira, há negócios como .. leia mais em Pipeline 04/07/2022