Divisão pode vir a ter tamanho do negócio de colégios do grupo, que fatura R$ 1,3 bi, diz CEO

A Eleva, holding de colégios que tem entre seus acionistas o empresário Jorge Paulo Lemann, vendeu em fevereiro seu sistema de ensino para a Cogna, mas continuará atendendo o mercado de escolas. A empresa carioca criou uma unidade de negócios de serviços e tecnologias educacionais para atender colégios próprios e terceiros.

Em seu primeiro ano de atividades, esse braço de negócios – batizado de Pátio – recebeu aportes de R$ 80 milhões. Esses recursos foram usados em diferentes ações como aquisição do aplicativo Agenda Edu, ferramenta para comunicação entre pais e professores usado por 1 milhão de alunos; desenvolvimento de conteúdo e orientação para aulas sobre comportamento socioemocional (já em uso por 300 mil estudantes), criação de um banco de questões para provas destinados a professores, entre outras ferramentas. “Essa unidade de inovação e tecnologia pode ser do tamanho do negócio de colégios”, disse Duda Falcão, coCEO do Grupo Eleva Educação.

Grupo deve preparar IPO só depois de integrar as escolas que comprou da Cogna, negócio que ainda aguarda aval do Cade

Ainda não há estimativa de prazo de quando a nova unidade ganhará essa relevância. Mas há uma demanda crescente do setor por tecnologias educacionais, movimento que foi acelerado na pandemia, quando as aulas migraram repentinamente para o on-line. Mesmo com o retorno presencial, a tendência é que disciplinas extracurriculares e aulas de reforço sejam ministradas remotamente.

A Eleva deve fechar o ano com uma receita de R$ 1,3 bilhão, o que representa uma alta de 30% quando comparada a 2020. Esse valor não considera os 50 colégios adquiridos da Cogna, que foram avaliados em R$ R$ 1 bilhão, sendo que R$ 400 milhões serão pagos em ações. Nesta mesma transação, a Eleva vendeu seu sistema de ensino à Cogna por R$ 600 milhões.

Segundo Bruno Elias, CEO da Eleva, essa aquisição das 50 escolas anteciparam em cerca de cinco anos o processo de consolidação do grupo. Com isso, a prioridade passa a ser integração dos negócios e após esse processo, que leva em média seis meses, o grupo volta a pensar numa ofera inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). A Eleva planejava abrir capital na bolsa americana Nasdaq na última janela de ofertas.

Com a compra das escolas da Cogna, que está em análise pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Eleva passa a ter 120 mil alunos matriculados em 180 escolas e se consolida como o maior grupo de colégios próprios do país. Neste ano, considerando os ativos adquiridos, a receita do grupo sobe para R$ 1,9 bilhão, quase o dobro do registrado em 2020.

Fundado em 2014, o grupo Eleva já promoveu 60 aquisições. Entre suas bandeiras de escolas estão desde o Elite, cuja mensalidade está na casa dos R$ 700, até a Escola Eleva, cujo custo mensal é de R$ 6 mil. Os colégios adquiridos da Cogna estão na faixa intermediária, cerca de R$ 3 mil.

Como aconteceu em todo o setor de educação básica, a pandemia da covid-19 provocou evasão no ensino infantil, faixa etária escolar em que o aprendizado on-line não é eficaz, e em cursos preparatórios para o vestibular. Ainda assim, o grupo conseguiu um aumento de 6% na base total de alunos. “Houve migração de alunos de outras escolas que estavam sem aulas, que tinham dificuldades para dar aulas on-line”, disse Elias. A evasão e inadimplência foram mais sentidas na classe média. No segmento de escola premium, como nas demais áreas da economia, não houve impacto relevante.

A inadimplência atingiu 6,5% no ano passado, alta de dois pontos percentuais quando comparado a 2019. Neste ano, o indicador está em 4%, abaixo do patamar pré-pandemia. Fonte Valor Economico. Leia mais em clippingdotblog 12/07/2021