A transação, em dinheiro e ações, fortalece a Omie na briga por clientes pessoas jurídicas, a nova fronteira dos bancos digitais, depois de aporte milionário liderado por Softbank e Tencent

A Linker tem 30 mil clientes PJs

A Omie está fazendo a sua maior aposta em serviços financeiros com a aquisição de 100% do banco digital Linker, um negócio de R$ 120 milhões em dinheiro e ações que está sendo anunciado nesta quarta-feira, 17 de novembro.

Essa é a maior aquisição da startup de ERP na nuvem fundada por Marcelo Lombardo, que passa agora a ser dona de um banco digital que tem 30 mil pequenas e médias empresas entre seus clientes, conta digital, cartão de crédito e gestão de cobrança.

A transação fortalece a Omie na briga por clientes pessoas jurídicas, a nova fronteira dos bancos digitais, um mercado que conta com a participação de Nubank, Inter e C6 Bank, mas também de nomes que miram exclusivamente esse público, como Conta Simples, Cora e LetsBank.

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“Esse conjunto de serviços financeiros acoplados ao software nos dá uma vantagem na corrida pelas pessoas jurídicas”, disse Lombardo ao NeoFeed, logo depois de comunicar a transação para os funcionários da Linker, nesta manhã.A Omie já oferece uma conta digital para aqueles que assinam o pacote de ERP na nuvem, a Omie.cash, que será mantida. Mas a intenção é se reposicionar também como um banco digital para pequenas e médias empresas, sem a necessidade de ser cliente da Omie.

O plano de Lombardo é oferecer serviços financeiros aos mais de 80 mil clientes de seu sistema de gestão. “Vamos desenhar outras jornadas às empresas que está começando”, afirma o fundador da Omie. “Muitas vezes, as pequenas empresas querem uma conta digital que emite nota ou que faz a frente de caixa.”

A Linker conta com mais de 100 escritórios de contabilidade parceiros, um dos principais canais da Omie para vender seu sistema de gestão na nuvem. “Quem abre 99% das empresas no Brasil? São os escritórios de contabildiade”, afirma Lombardo. O plano é intensificar o cross selling entre serviços financeiros e soluções tecnológicas, aumentando assim o mercado endereçável da Omie.

A Linker foi fundada, em 2019, por David Mourão, Ingrid Barth e Daniel Benevides. A fintech havia recebido um aporte de R$ 12 milhões em dezembro do ano passado, que contou com a participação do fundo Darwin Capital e de nomes como Marcelo Sampaio, fundador da gestora Hashdex, e Roberto Nishikawa, ex-diretor do Itaú Unibanco, além de outros investidores individuais e family offices.

Os fundadores da Linker: Ingrid Barth, Daniel Benevides e David Mourão
Sem citar dados absolutos, a Linker informou que o volume transacionado em sua plataforma cresceu 15 vezes entre julho do ano passado e junho deste ano. O volume movimentado por seu cartão de crédito cresceu quatro vezes em 2021 e a função de pagamentos de conta aumentou 70% desde janeiro.

“Com a Omie, teremos uma oferta complementar ao que já oferecemos”, disse Mourão, que é CEO da Linker, em um comunicado. “Juntos, faremos desaparecer as barreiras entre serviços financeiros e software de gestão.”

Todos os 60 colaboradores da Linker serão incorporados pela Omie, que tem 1.280 funcionários diretos e indiretos. Os fundadores da Linker se tornarão sócios da Omie com a transação, de acordo com Lombardo.

“Desde a nossa primeira conversa, eu disse ao David (Mourão) que queria um cofundador.” A marca Linker será mantida e ela permanecerá na disputa, em mar aberto, por clientes PJs.

Caixa cheio

A Omie captou R$ 580 milhões em agosto deste ano, em aporte liderado pelo Softbank e seguido por gestora de fundos de ações, como Dynamo, VELT, Hix Capital, Bogari Capital e Brasil Capital, além da Endeavor Catalyst. Dois meses depois, a chinesa Tencent fez uma extensão do aporte série C, cujo valor não foi divulgado. A Riverwood Capital e a Astella também investem na startup.

Os recursos serão usados para que a Omie reforce sua atuação para competir com bancos e fintechs pelas pequenas e médias empresas. A startup vai acelerar também o seu pipeline de M&As.

Desde os aportes milionários, a Omie já fez duas aquisições. A primeira delas foi a Devi Tecnologia, dona de um sistema de computação em nuvem para frente de loja (PDVs), marcando a entrada da Omie no segmento de varejo, no começo de setembro.

Menos de um mês depois foi a vez da G-Click, dona de uma ferramenta web feita para otimizar a gestão de tarefas de escritórios de contabilidade. Nos dois casos, os valores não foram divulgados.

A Omie já tinha comprado, em novembro do ano passado, a Mintegra, solução que integra marketplaces e plataformas de e-commerce a sistemas de gestão.Ralphe Manzoni Jr. Leia mais em neofeed 17/01/2021