Depois de um terceiro trimestre sem qualquer operação de ações no mercado brasileiro, duas companhias registraram suas ofertas públicas iniciais (IPOs) na última sexta-feira. A empresa de tecnologia Tivit e o banco mineiro BMG farão captação ainda este ano. E, para que isso aconteça, resolveram arriscar colocar o processo para andar antes mesmo do segundo turno das eleições presidenciais. Ao menos uma companhia já listada, a distribuidora de energia Light, retomou o processo para uma oferta subsequente (“follow-on”).

“O cenário hoje já é mais claro para o resultado das urnas e o mercado tem operado favoravelmente a esse resultado. Isso minimiza o impacto político nas ofertas”, diz um executivo que participa de uma das operações.

Outras companhias que preparam oferta inicial e podem ainda protocolar suas operações este ano vão deixar a listagem, de fato, para o início de 2019, conforme fontes ouvidas pelo Valor. “Qualquer volume adicional no quarto trimestre virá de follow-on”, afirma um executivo de mercado.

A Tivit se preparou para uma oferta no ano passado, quando pretendia captar cerca de R$ 1,5 bilhão e tentava um preço médio por ação de R$ 47 – o valor chegou a ser reduzido para R$ 35 para aumentar a demanda, mas a companhia decidiu cancelar a oferta. A Tivit já teve capital aberto. A companhia era listada na bolsa brasileira até 2010, quando a gestora Apax Partners comprou seu controle e decidiu fechar o capital.

Agora, a oferta é justamente para dar saída parcial à Apax. A Tivit vai buscar uma avaliação de mercado em torno de R$ 4 bilhões, conforme duas fontes.

Quatro bancos coordenam a oferta: BTG Pactual, Bradesco BBI, Itaú BBA e J.P. Morgan.
O banco mineiro BMG deu uma acelerada em seu processo de IPO para vir a mercado antes do concorrente gaúcho Agibank e para se fortalecer de olho na competição em áreas como crédito pessoal e meios de pagamento. A instituição gaúcha quase concluiu sua oferta em junho, mas cancelou o processo por uma mudança de humor dos investidores e disputa de atenção com uma oferta subsequente (follow-on) da brasileira PagSeguro na bolsa de Nova York.

A oferta do BMG é coordenada por seis instituições – J.P. Morgan, Citi, Itaú BBA, Plural, XP Investimentos e Banco do Brasil.

O BMG e a Tivit começam nesta segunda-feira o processo conhecido como “pilot fishing” – em que se reúnem com investidores para apresentar suas histórias e definir as faixas indicativas de preço por ação. No cronograma inicial do BMG, a previsão inicial é de listagem em 18 de dezembro, conforme duas fontes. O banco vai buscar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões.

O BMG quer apresentar seu histórico no mercado de consignado, incluindo crédito pessoal, cartão de crédito e cross-selling de produtos de investimentos. Há um mês, o banco comprou a Pago Cartões, entrando em adquirência e também quer aproveitar o interesse crescente de investidores pelo mercado de meios de pagamento. O BMG tem ainda uma rede de lojas, a help!, que complementa o atendimento digital.

Já o Agibank vai deixar a listagem para o ano que vem, segundo duas fontes.
Outra empresa que voltou a se movimentar, mirando a listagem no início de 2019, é a fabricante de eletrônicos Multilaser. Entre as ofertas subsequentes, a Light é a companhia que tem mais pressa nesse processo – ou melhor, seu controlador, a companhia mineira Cemig.

Conforme as fontes, havia uma incerteza política em torno dessa oferta, devido à mudança de governo em Minas Gerais. Com a sinalização de vitória do candidato Romeu Zema, favorável inclusive à privatização da Cemig, a empresa passou a trabalhar com os bancos na oferta.

Os coordenadores contratados para o follow-on da Light são Itaú BBA, Santander, Banco do Brasil, Bradesco BBI, XP Investimentos e Citi, apurou o Valor. A oferta deve movimentar cerca de R$ 1,5 bilhão e está prevista para dezembro. Ao menos dois investidores devem ancorar a oferta – um deles é a gestora de private equity GP Investments, que já tinha anunciado oficialmente seu interesse. – Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 22/10/2018