A Enghouse Systems, uma multinacional canadense especializada em software para contact center, redes e telecomunicações, acaba de fechar a compra da Navita, uma empresa paulista com um longo histórico no setor de telecom.

Não foi revelado o valor do negócio, intermediado pelo Stark, um fundo de investimento que já tinha apoiado a Navita na captação de aportes.

A receita atual da empresa gira em torno de US$ 7,5 milhões, ou cerca de R$ 39 milhões.

Nos últimos anos, a Navita vinha atuando como um fornecedor de software na nuvem para gerenciamento de despesas de telecomunicações e dos dispositivos em si, nichos conhecidos no mercado pelas siglas em inglês TEM e EMM.

Os produtos são vendidos diretamente para grandes empresas e indiretamente, por meio de alguns dos principais provedores de telecomunicações e fabricantes de hardware no Brasil para seus clientes empresariais e agências governamentais.

Enghouse compra Navita

A empresa foi fundada pelos empreendedores Roberto Dariva e Fabio Nunes, em janeiro de 2003, inicialmente fornecendo um software para gerenciamento de conteúdo, que depois evoluiu para criação de portais na internet.

Anos depois, com a febre em torno do Blackberry, celular número 1 na época entre o público corporativo, a Navita vendeu o negócio de portais e começou a focar em gestão de dispositivos móveis, agregando as contas depois, por meio de uma aquisição.

A Navita recebeu investimento da InvesTech, em 2009, que foi direcionado para ampliar o software de gestão de mobilidade para plataformas como Apple e Android, que na época estavam começando a dominar o mercado.

A segunda rodada de investimento foi em 2014, com a Intel Capital e DLM, e financiou o desenvolvimento de soluções proprietárias e a expansão para a Europa, em parceria com a Telefonica Global Solutions.

Em 2018, a Oria se consolidou como único fundo de investimento sócio da Navita, por meio da compra das ações da Invest Tech e da Intel Capital.

“Fundamos a empresa há 20 anos, quando o mercado era outro. Continuamos inovando sempre, pois senão a Navita já nem existiria mais se não tivéssemos essa visão. Agora a Navita está bem consolidada no Brasil, com uma marca forte. E do outro lado vimos a Enghouse querendo fortalecer sua presença no Brasil”, afirma Nunes. “Foi a união perfeita”, completa Dariva.

Agora a Enghouse Systems assume a totalidade das ações, pagando o investimento dos fundos e o capital ainda nas mãos dos fundadores, que já não estavam envolvidos na operação direta.

(Dariva fundou uma nova empresa, a Code7, e Nunes é diretor de tecnologia para logística do Boticário, depois de que a marca comprou uma startup co-fundada por ele, a Equilibrium).

A Enghouse Systems é uma empresa grande no seu nicho de atuação, com uma receita de 427 milhões de dólares canadenses no seu último ano fiscal (algo como R$ 1,6 bilhão), uma queda de 9% frente aos resultados de 2021.

A presença no Brasil até agora era discretíssima, tendo vindo por tabela com a aquisição da espanhola Presence Technology por um valor líquido aproximado de US$ 17,4 milhões, lá em 2016.

A Presence fornece software multicanal para contact centers e tinha aberto um escritório em São Paulo três anos antes, em 2013. A partir dessa operação, a Enghouse foi desenvolvendo sua presença no Brasil.

De acordo com o Linkedin, 10 funcionários trabalham na atual operação da Enghouse no país, contra cerca de 150 da Navita… leia mais em Baguete 07/03/2023