Vencedor do leilão da CEA, distribuidora de energia do Amapá, o grupo segue estudando outras oportunidades de crescimento

Num intervalo de pouco mais de três meses, a Equatorial Energia comprou duas concessionárias de distribuição, uma empresa de geração distribuída solar – a E-Nova -, e não pretende parar por aí. A companhia continua analisando novas oportunidades de crescimento, mesmo depois de ter agregado ao portfólio ativos complexos no Amapá e no Rio Grande do Sul e avançado num novo segmento de atuação.

“Temos caixa robusto, nossas linhas de transmissão acabaram de se tornar operacionais, vão gerar mais caixa. Também nossa relação com o mercado, com os bancos comerciais e de fomento, nos permite pensar [em expansão]. E no saneamento, já demos sinais bem claros que realmente temos interesse”, afirmou o presidente da Equatorial, Augusto Miranda, em coletiva de imprensa na sexta-feira, após o grupo ter vencido o leilão de privatização da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA).

A Equatorial foi a única participante no certame da distribuidora amapaense. Com a aquisição, o grupo assume mais um ativo desafiador, com dívidas bilionárias e ineficiências operacionais, poucos meses depois de ter comprado a CEEE-D, distribuidora gaúcha que também enfrentava difícil situação financeira.

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Para fazer jus ao novo desafio, a companhia aposta em potenciais sinergias com suas operações no Pará e também no conhecimento obtido com as experiências de “turnaround” (virada dos negócios) em outras concessões pelo país. A Equatorial foi um dos grupos que participou do processo de venda das distribuidoras da Eletrobras em 2018, adquirindo as empresas de Alagoas e Piauí.

“É um ativo muito importante, posso garantir que desde o primeiro dia vamos trabalhar duro para garantir energia de qualidade e em quantidade para suportar o crescimento do Estado [do Amapá]”, disse Miranda. A companhia aumenta ainda sua presença na região Norte. “Considerando nossos ativos de transmissão, estamos em todas as regiões do Brasil. Temos uma dimensão continental e, agora, do Oiapoque ao Chuí.”

A Equatorial ofereceu pela CEA um índice de zero. Isso significa que o grupo pagou o valor mínimo de R$ 50 mil pela distribuidora, assumiu dívida bilionária e não quis abrir mão da flexibilização tarifária de parâmetros regulatórios de custos operacionais (PMSO) e da definição da parcela dos empréstimos da Reserva Global de Reversão (RGR) que será assumida pela CEA.

Além disso, se comprometeu a fazer um aumento de capital de R$ 400 milhões na distribuidora amapaense, como previsto nas condições para a privatização. Para esse aporte, deverá usar recursos próprios. Já para os investimentos futuros na concessão, deve buscar financiamento junto a bancos de fomento e regionais.

A privatização da empresa do Amapá encerra um esforço de anos do governo federal, BNDES e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para dar um encaminhamento às distribuidoras de energia que operavam sob o regime de designação, isto é, sem contrato de concessão.

“Dentre as privatizações, a CEA era a que mais nos desafiava em relação a atrair um concessionário com capacidade de investimento, e pelas características da região. Para o setor elétrico, hoje é um dia bastante festivo”, disse a secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia (MME), Marisete Pereira, na sexta-feira.

O BNDES prevê realizar mais duas privatizações no setor elétrico ainda neste ano. Em julho, está prevista a venda do braço de transmissão de energia da gaúcha CEEE – a Equatorial não pretende participar desse leilão. Já no fim do ano, a CEEE se desfaz de seus ativos de geração…Valor Economico  Leia mais e clippingdotblog 28/06/2021