No dia 14 de fevereiro, a Neon anunciou uma das maiores rodadas de investimentos realizadas até agora em 2022. A startup recebeu um aporte de Série D no valor de R$ 1,6 bilhão (US$ 300 milhões), feito integralmente pelo banco global BBVA. A quantia será usada para fortalecer as áreas de tecnologia, marketing e produtos. “Queremos entrar em novas verticais de negócios, investir em mais tecnologia e, consequentemente, em mais pessoas no time da Neon”, diz Pedro Conrade, fundador e CEO da fintech.

A rodada serviu também para oficializar o status de unicórnio da Neon, que já havia atingido o valor de mercado de US$ 1 bilhão “há um bom tempo”, segundo comunicado da empresa. Há quanto tempo exatamente, não se sabe. “Essa informação é pouco relevante para nós, nem sabemos dizer exatamente quando aconteceu”, afirma Conrade. “Só que, desta vez, ficou difícil não comentar, dado o valor do aporte. Mas não achamos que os clientes se importam com isso.”

A Neon fechou 2021 com 15 milhões de clientes – o tripo do que tinha no ano anterior. Atualmente, movimenta mais de R$ 5,8 bilhões em transações por mês. Com o novo aporte, a startup totaliza R$ 3,7 bilhões em investimentos recebidos desde sua fundação, em 2016. Nos últimos anos, concluiu quatro aquisições, sendo a última em janeiro deste ano, da financeira Biorc, ainda sujeita à aprovação do Banco Central.

Outras compras estão no radar, assim como um IPO – por enquanto, sem data definida. “Nossa prioridade agora é entender o que podemos fazer melhor, para que nossa oferta fique cada vez mais completa”, diz Conrade. “E estamos sempe de olho em aquisições, pois existem muitos empreendedores talentosos com novas tecnologias, em sintonia com o que estamos fazendo”, complementa Jean Sigrist, fundador e presidente do conselho de administração da fintech.

Sigrist explica que o plano é continuar expandindo o portfólio de produtos, além de aprimorar seu carro-chefe – o Democredit, sistema de inteligência para concessão de crédito que busca democratizar o acesso aos empréstimos, por meio de análises que vão além de um simples score.

Confira a seguir trechos da entrevista com os fundadores Pedro Conrade e Jean Sigrist.

Há planos para garantir aos clientes mais acesso ao crédito, além do Democredit?
Pedro Conrade – O Democredit tem tudo a ver com o nosso posicionamento. Queremos conceder crédito para quem não tem. Muitas pessoas não entendem o processo, e nosso objetivo é ensinar como funciona. Se o nome do cliente ficou sujo, explicamos por que isso aconteceu e mostramos como resolver. Mostramos também que, quando a pessoa entra como cliente do Neon, todo mundo é igual. Ela começa a criar seu score conosco. Assim como essa, vamos trazer outras iniciativas neste ano com o objetivo de dar mais acesso a crédito.

Jean Sigrist (chairman) e Pedro Conrade (fundador), da Neon (Foto: Divulgação/Neon)
Os fundadores da Neon Jean Sigrist (managing partner) e Pedro Conrade (CEO) (Foto: Divulgação)

Pode adiantar alguma dessas iniciativas?
PC – Uma delas é a parceria com a BNP Cardif, do mercado de seguros. A ideia é oferecer um seguro de proteção para desempregados. O serviço cobre três parcelas de crédito, a pessoa não fica inadimplente e tem acesso a um crédito mais barato. Esse é um exemplo, estamos criando outros produtos que ainda não podemos revelar.

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Com a alta na taxa de juros, que diferenciais as fintechs trazem para o mercado de crédito?
Jean Sigrist – Nosso custo de serviço para o cliente é muito mais baixo, pelo simples fato de não termos agências. Com isso, há mais margem de manobra para ajudar o cliente nos momentos mais difíceis. Além disso, nossas tecnologias são voltadas para incluir as pessoas no mundo das finanças. Essa é a nossa missão.

Vocês pretendem internacionalizar a empresa?
PC – Com certeza, somos bastante ambiciosos. Mas vamos dar um passo de cada vez, temos muita coisa para conquistar por aqui ainda.

Há mais aquisições estão no radar?
PC – Sim, queremos um bom time de empreendedores aqui dentro. Entendemos que não conseguiríamos atrair determinados talentos pelo processo de contratação. Por isso, trazemos como sócios. Nosso propósito é atender as necessidades do cliente. Se percebemos que falta algum produto na nossa oferta, vamos atrás de outros serviços financeiros.

E o IPO?
PC – Pensamos em um passo de cada vez. Com esse novo investimento, a Neon terá inúmeras possibilidades para desenvolvimento de tecnologia, ciência de dados, produtos e capital para acelerar o objetivo da Neon que é ser o melhor parceiro do brasileiro trabalhador. Não vemos IPO como um fim mas sim como um meio e não temos um plano concreto de quando faremos. Com o crescimento acelerado que temos constantemente alcançado e conforme ganhamos mais e mais escala, o IPO se torna um caminho natural para expandirmos acesso ao mercado de capitais.

Qual o segredo para continuar inovando em meio ao crescimento?
JS – A inovação está relacionada ao nosso propósito. Não inovamos por hobby, e sim porque queremos servir e engajar o cliente. Temos propósito, cultura e método de trabalho fortalecidos. Esse conjunto cria o ambiente para a gente inovar, sempre com tolerância ao erro…saiba mais em Época Negócios 25/02/2022