Os fundadores do fundo de hedge de criptomoedas Three Arrows Capital (3AC), que deixou perdas de bilhões de dólares a investidores e credores quando quebrou no ano passado, estão buscando dinheiro para um novo empreendimento. A julgar pelas reações da comunidade cripto no Twitter, eles enfrentam uma batalha difícil.

Su Zhu e Kyle Davies estão tentando arrecadar cerca de US$ 25 milhões para abrir uma corretora cripto chamada GTX, que se concentrará na negociação de criptoativos problemáticos do tipo “distressed” com alguma chance de recuperação, de acordo com um comunicado visto pela Bloomberg News. Eles estão se unindo aos fundadores da CoinFLEX, uma bolsa de ativos digitais que entrou com pedido de reestruturação nas Seychelles em agosto.

A ironia de que Zhu e Davies – que passaram meses discutindo publicamente com os liquidatários da 3AC, que buscavam recuperar ativos para os credores – querem entrar no negócio de “criptomoedas distressed” não passou despercebida pelos detratores. Muitos tuítes lembraram a semelhança entre o nome proposto para GTX e FTX, a corretora de criptomoedas que entrou em colapso em novembro e cujo fundador, Sam Bankman-Fried, foi acusado de crimes, incluindo fraude.

Fundadores do Three Arrows viram alvo de chacota ao tentar captar US$ 25 milhões
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O empreendimento proposto por Zhu e Davies “é semelhante a incendiários que retornam à cena do crime e se oferecem para cobrar suas vítimas por baldes de água”, disse Nic Carter, sócio da empresa de capital de risco cripto Castle Island Ventures, em um e-mail.

O fundador da Wintermute, um dos maiores criadores do mercado de criptomoedas, chegou a sugerir que qualquer investidor na captação de fundos planejada poderia comprometer seu relacionamento com sua empresa.

Davies e Zhu se recusaram a comentar o caso. “Estamos focados em construir, adicionar novos produtos e classes de ativos para que mais pessoas tenham acesso aos mercados financeiros”, disse Sudhu Arumugam, cofundador da CoinFLEX.

Quando às notícias sobre a captação de recursos começaram a se espalhar na segunda-feira, as críticas foram tamanhas que a CoinFLEX divulgou um comunicado para “esclarecer equívocos” sobre o empreendimento proposto. Entre os pontos que enfatizou: a empresa não será chamada de GTX, que foi escolhida como um “nome substituto”, de acordo com o comunicado.

A quebra do 3AC foi um dos eventos mais emblemáticos em um ano marcado por implosões no segmento cripto, desde o colapso da stablecoin TerraUSD em maio até a falência da FTX em novembro. Seus credores incluem o Digital Currency Group (DCG), controladora da corretora de criptomoedas Genesis, que entrou com uma ação de US$ 1,2 bilhão contra o fundo de hedge.

Depois que apostas alavancadas frustradas em tokens digitais derrubaram o 3AC em junho, Zhu e Davies inicialmente ficaram quietos e seu paradeiro atual permanece desconhecido.

Mas, nos últimos meses, os dois se tornaram cada vez mais vocais no Twitter, muitas vezes usando a plataforma de mídia social para duelar com os liquidatários da 3AC em Teneo, que os acusam de não cooperar com o processo. Um representante da Teneo se recusou a comentar.

Zhu e Davies estão oferecendo a alguns dos credores do 3AC a opção de converter suas reivindicações em ativos no novo empreendimento, de acordo com a ata de uma reunião de credores de 11 de janeiro vista pela Bloomberg News. O próprio Zhu apresentou uma queixa no processo de falência da 3AC, enquanto a esposa de Davies está listada como credora.

“Esperamos que muitos investidores institucionais não estejam dispostos a investir em um novo empreendimento dos cofundadores da 3AC até que todas as questões legais e regulatórias pendentes com a 3AC, dentro e fora de Cingapura, sejam resolvidas”, disse Chris Holland, sócio da Holland & Marie… leia mais em Valor econômico 17/01/2023