A gestora inglesa Actis, especializada em fundos de private equity, pretende levantar uma nova carteira global este ano, que deve ter entre US$ 4 bilhões e US$ 4,5 bilhões. O dinheiro será usado para compra de participação em empresas. E o Brasil ganhou importância nos planos da gestora.

Cerca de 20% desse total – ou até US$ 900 milhões – deve ser direcionado para empresas brasileiras, valor acima do fundo anterior, que destinava 15%, segundo informou à Agência Estado um dos responsáveis pelas operações da Actis na América Latina, Chu Kong. “A Actis é uma gestora focada nos mercados emergentes, onde existem várias oportunidades”, disse.

A carteira que deve ser lançada este ano é a quarta a ser criada pela gestora inglesa. A captação dos recursos deve ser concluída entre junho e setembro, segundo informou o executivo. Entre os setores de interesse da Actis no Brasil estão serviços financeiros, bens de consumo, saúde e educação.

O fundo anterior da Actis tem US$ 2,9 bilhões em patrimônio e é voltado para investimentos em empresas na África, Índia, China e América Latina. No Brasil, um investimento foi fechado na área de educação em 2011 e deve ser anunciado pela gestora nos próximos dias.

A companhia tentou fazer outro negócio, no setor de alimentos, mas após investigar os números da empresa (processo conhecido como due diligence), a Actis optou por não fazer a aplicação. Kong afirma que tem sido comum, ao investigar melhor os números das empresas em que vão investir, os fundos esbarrarem em problemas não previstos, como alto nível de informalidade dentro das companhias e balanços que não refletem a realidade das contas.

A Actis foi criada na Inglaterra em 2004, após se separar da CDC, espécie de braço de desenvolvimento do governo do Reino Unido criado em 1948 para investir em países integrantes da Commonwealth. A gestora tem US$ 4,6 bilhões em fundos sob gestão e investimentos em 65 empresas.

Trajetória. No Brasil, a Actis está presente desde 2009, quando abriu escritório em São Paulo. Em 2010, a gestora investiu R$ 90 milhões no grupo Gtex, do setor de limpeza, do qual é controladora. No ano passado, numa estratégia de expansão de portfólio, o Gtex adquiriu a Scarlat, dona da marca Baby Soft.

Em novembro de 2010, a Actis adquiriu uma participação minoritária na corretora XP Investimentos, por R$ 100 milhões.

Um dos objetivos do aporte seria a preparação da XP para a abertura de capital na BM&FBovespa, que ainda não se concretizou. O IPO da corretora poderia ocorrer ao longo de 2012, segundo informações de mercado.ALTAMIRO SILVA JÚNIOR , ALINE BRONZATI
Fonte:estadao17/01/2012