A mineira Georadar começou a investir parte dos R$ 160 milhões de dois aportes de capital que recebeu no ano passado para ingressar, por meio de aquisições, no segmento de pesquisas sísmicas na área de produção de petróleo em alto mar, ou “offshore”. Até o fim deste mês, a empresa conclui a compra de um braço da norueguesa RXT, que presta serviço para empresas de petróleo no Brasil, Colômbia, Venezuela, Argentina e África do Sul.

Em 2010, a empresa vendeu 33% de seu capital para o fundo AG Angra Partners, ligado ao grupo Andrade Gutierrez, em uma operação que injetou R$ 60 milhões.

Seis meses depois, alienou outros 33% do capital para o Rio Forte, a empresa de participações do grupo financeiro português Espírito Santo, captando mais R$ 100 milhões. O dinheiro será usado em aquisições e a da RXT envolve R$ 50 milhões. “Não estamos comprando apenas fluxo de caixa, mas mudando nosso escopo para entrar no mercado do mar. Já somos forte em pesquisa sísmica em terra”, afirmou o acionista mineiro, Celso Magalhães, um ex-funcionário da Petrobras que adquiriu a empresa em 2003.

A Georadar quer atuar na pesquisa sísmica em campos de petróleo com exploração já iniciada. Em terra, fez também prospecção de jazidas de gás natural. Partiu dela a descoberta recente de reservas do produto na região do São Francisco, em Minas Gerais, em área de um consórcio entre a Orteng e a estatal Codemig. “Queremos ser a primeira empresa sísmica nacional no offshore, que é um setor dominado por empresas estrangeiras”, disse.

A empresa deve faturar este ano R$ 450 milhões, mas esta receita pode chegar a R$ 550 milhões com a compra da RXT. “Eles estão com dois navios de pesquisa em Malta, e assim que chegarem ao Brasil podem entrar em produção “, afirmou o empresário. A meta de Magalhães é ambiciosa: o empresário pretende chegar a um faturamento de R$ 1 bilhão em 2014, inteiramente tendo como base novas aquisições. Não descarta buscar um terceiro sócio estratégico no próximo ano e planeja fazer uma oferta pública de ações (IPO) em 2013.

“Talvez seja preciso buscar mais capital porque o preço de aquisições está subindo de forma generalizada. E a alta do real favorece a importação de equipamentos, mas torna menos atraente formas tradicionais de captação de recursos”, comentou. Além da trajetória de alta já há alguns anos do petróleo no mercado internacional, a perspectiva do pré-sal fez com que se multiplicassem os investimentos na área. “Tenha certeza que não somos apenas nós que estamos procurando ingressar agora no mercado offshore”, disse Magalhães. Embora investidores de natureza financeira, A AG Angra e o Rio Forte devem ter longa permanência no universo de acionistas da empresa, segundo afirma o empresário. “Eles entraram sem horizonte de saída e participação da gestão da companhia”, garantiu.
Fonte:ValorEconômico19/07/2011