A gestora de venture capital KPTL fará uma oferta pública de R$ 150 milhões com o objetivo de captar recursos com investidores qualificados e investir nas startups que já estão no portfólio do micro venture capital Bossanova Investimentos. A informação foi apurada pelo Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney, com atuantes no mercado de capital de risco. Procuradas, Bossanova Investimentos e KPTL não comentaram as informações.

De acordo com um comunicado ao mercado divulgado pela B3, o Bossanova KPTL Fundo de Investimento em Participações Capital Semente será uma oferta pública na instrução CVM 400, com o banco Modal como coordenador líder. O fundo de investimento em participações (FIP) não fará oferta pública inicial de ações (IPO), não será listado na B3 e nem será negociado na Bolsa de Valores brasileira. A oferta pública é restrita a investidores qualificados, com mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras.

Duas peculiaridades chamam atenção do mercado na oferta da KPTL. A primeira é o fato de que os FIPs costumam seguir a instrução 476 da CVM e não a 400. A CVM 476 permite o investimento apenas apenas de profissionais, com mais de R$ 10 milhões em aplicações financeiras; negociação com apenas 75 interessados; e seleção de apenas 50. Em contrapartida, essas ofertas não passam por registro e análise da CVM. Já as ofertas na instrução 400 passam por análise do órgão regulador e os custos são mais altos. Por outro lado, a instrução permite acessar um número maior de potenciais investidores.

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A segunda peculiaridade é o momento em que a oferta acontece. O aumento na taxa de juros em diversos países, como nos Estados Unidos e no próprio Brasil, torna os ativos de venture capital menos atraentes. No mercado acionário, grandes companhias de tecnologia enfrentam correções nos preços de seus papéis e o número de IPOs cancelados no Brasil neste ano alegando um cenário macroeconômico não favorável já passou de uma dezena.

Na oferta, a KPTL está como gestora da oferta e a Bossanova Investimentos como consultora de investimentos. A KPTL é uma gestora com 64 startups no portfólio, totalizando R$ 1,2 bilhão de ativos sob gestão. A fintech de renegociação de dívidas Blu365, o marketplace de aluguel e venda de roupas de festa Dress&Go e a empresa de ventiladores pulmonares MagnaMed estão no portfólio da KPTL. Já a Bossa Nova Investimentos já realizou mais de 1.000 investimentos em 893 startups. O micro venture capital aposta em fazer investimentos de R$ 100 mil a R$ 500 mil com o objetivo de erradicar o “vale da morte” enfrentado pelos empreendedores entre receber capital de pessoas físicas e obter o primeiro cheque de uma instituição de investimentos.

Os atuantes no mercado de capital de risco indicaram ao Do Zero Ao Topo que o objetivo é que a Bossanova Investimentos apresente seu “aquário” de startups investidas para a KPTL. A KPTL ganharia um atalho de qualidade e tempo em sua “pesca” por fundadores e negócios de tecnologia, enquanto a Bossanova garante uma rodada subsequente para boa parte do seu portfólio.

A KPTL deve investir entre R$ 2 milhões e R$ 4 milhões em cada startup. Também vai trazer mais governança aos negócios, como transformá-los em sociedades anônimas, criar conselhos e promover auditorias. A gestora olha para negócios com até R$ 16 milhões em receita operacional bruta e valor de mercado de até R$ 60 milhões antes do novo investimento. Segundo um dos investidores, nenhuma startup supera essa faixa no portfólio atual da Bossanova Investimentos. O objetivo dessas métricas é se manter na faixa de investimento semente, um passo depois da Bossanova Investimentos, e procurar valuations razoáveis.

A KPTL estaria avaliando 200 startups no momento e fazendo roadshows para apresentar a oferta a family offices e instituições financeiras e de investimento. O valor de captação irá de um mínimo de R$ 40 milhões a um máximo de R$ 180 milhões. A oferta pública terá prazo de dez anos – cinco anos para investimentos e cinco anos para desinvestimentos. A KPTL deve trabalhar com a taxa interna de retorno usual no mercado de venture capital, de ao menos 25% ao ano.

O comunicado na B3 indica duas classes de cotas, A e B. FIPs trabalham com chamadas de capital, convocando o dinheiro dos investidores quando um investimento acontece. A cota B será de R$ 1 milhão em capital comprometido com essas chamadas. Existe também uma cota A de R$ 25 mil à vista, aplicados em papéis do Tesouro. O objetivo da última cota é conseguir acessar o capital necessário com mais agilidade. A taxa de performance a ser cobrada pela KPTL será sobre a performance projetada pelo FIP, e não sobre o CDI…leia mais em InfoMoney 18/02/2022