O negócio evidencia tanto o apetite de fundos de investimento por transações no setor elétrico do Brasil quanto o forte interesse A gestora brasileira de recursos Perfin criou uma nova empresa focada em geração de energia renovável no Brasil, principalmente solar, com previsão de investir 5,5 bilhões de reais até 2025, disse à Reuters um executivo da companhia.

A Mercury Renew, fruto de parceria operacional com a geradora Servtec, é a mais recente aposta em energia da Perfin, que por meio de fundos tem participação em ativos de transmissão e empresas de geração distribuída solar e eficiência energética, além de fatia de 20% na comercializadora de eletricidade Comerc.

O negócio evidencia tanto o apetite de fundos de investimento por transações no setor elétrico do Brasil quanto o forte interesse despertado pelo potencial do país em renováveis.

A nova companhia terá como objetivo maior a construção de projetos solares, especialmente no Sudeste e Centro-Oeste, visando a venda da produção dos parques diretamente a empresas que adquirem o suprimento no mercado livre de energia, onde atuam principalmente grandes indústrias e comércios.

A estratégia da Perfin vem enquanto investidores em projetos de geração no país passam a se voltar cada vez mais para o mercado livre, onde uma demanda crescente de empresas por energia limpa tem ajudado a fomentar negócios e viabilizar a construção de diversas usinas.“O objetivo é explorar essa avenida que a gente enxerga tanto no mercado livre quanto na geração renovável, com a descarbonização da economia”, afirmou o CEO da Mercury Renew, Pedro Fiuza.

“Não tenho dúvida de que o Sudeste concentra os principais consumidores do mercado livre, então resolvemos apostar exatamente nessa frente e desenvolver projetos solares na região”, acrescentou ele.

Os recursos para os projetos virão de captações do fundo da Perfin associado à Mercury, enquanto a empresa também pretende negociar empréstimos junto a bancos de fomento e avaliar emissões de debêntures, por exemplo.

O foco em geração solar deve-se às características mais favoráveis a esses empreendimentos no Sudeste do que para usinas eólicas, que dependem das condições de vento, embora a Mercury não descarte investir em ativos da fonte, também renovável.

Aportes em outras regiões também estão nos planos –o primeiro projeto da empresa, inclusive, é Pernambuco, no Nordeste, embora os próximos quatro sejam em Minas Gerais. Todos têm previsão de operação entre 2022 e 2024. A Mercury espera chegar a 2025 com 2 gigawatts em capacidade.

“Também temos projetos em São Paulo e Mato Grosso, mas diria que a maior parte está localizada em Minas Gerais”, disse Fiuza.

PARCERIAS

A Mercury Renew será administrada por um fundo ligado à Perfin, mas a empresa de gestão de recursos aposta em diversas parcerias para fazer deslanchar o negócio.

A geradora Servtec, que já implantou 1 gigawatt em usinas no Brasil, incluindo eólicas e térmicas, será parceira operacional e apoiará a implementação e operação dos empreendimentos.

A nova empresa da Perfin também selou acordo com a espanhola Solatio, de desenvolvimento de projetos.

“Pelo nosso acordo, 100% do que for desenvolvido pela Solatio deve ser trazido para a Mercury avaliar. E o volume de projetos desenvolvido por eles é muito grande, é algo da ordem de 17 gigawatts hoje, que teremos preferência e exclusividade para analisar”, disse o CEO da Mercury.

Já a venda da energia dos projetos contará com apoio da comercializadora Comerc Energia, na qual a Perfin comprou uma fatia de 20% em março, por 200 milhões de reais.

“Tudo isso se fecha em uma grande estratégia. Acreditamos muito na combinação das competências”, disse Fiuza.

Segundo ele, a Mercury buscará negociar cerca de 80% da produção dos parques em contratos de longo prazo, enquanto o restante ficará descontratado para vendas de mais curta duração, aproveitando as flutuações no mercado de energia.

A empresa já fechou um primeiro contrato com a fabricante de silício metálico Liasa, que será abastecida por 20 anos a partir da produção de uma usina solar de 650 megawatts em Minas Gerais, que tem investimento previsto de 1,7 bilhão de reais e início de operações previsto para 2023. (Crédito: REUTERS/Amanda Perobelli) Por Luciano Costa Leia mais em istoedinheiro 17/05/2021