A Miura Investimentos fechou com a empresa de tecnologia financeira Gorila a venda de uma participação de 5%, que no tempo pode chegar a 20%. Com cerca de R$ 1,5 bilhão sob assessoria, é o primeiro acordo com um escritório para entrada de um sócio capitalista fora do universo das grandes plataformas.

A possibilidade de atração de sócios, que não são assessores de investimentos certificados, começou a valer no início deste mês, após a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) reformar as regras que disciplinam a atividade, em fevereiro, e o Conselho Monetário Nacional (CMN) permitir que essas estruturas sejam sociedades multiprofissionais. Até então, a entrada do capitalista vinha ocorrendo por meio da criação de corretoras em sociedade com as plataformas de investimentos da XP e do BTG.

Segundo Mayros Gama, sócio e diretor de marketing da Miura, com a injeção de recursos, o grupo vai investir em tecnologia, expansão e qualificação de profissionais. A meta é dobrar de tamanho até o fim de 2024. Hoje, a companhia tem 49 assessores de investimentos, que somando-se ao time de crédito e seguros de outras verticais alcança 92 pessoas. O executivo não abre a avaliação do negócio e o valor da transação por respeito a cláusulas de confidencialidade.

Gorila adquire fatia da Miura; participação pode chegar a 20%
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Em assessoria de investimentos, há um acordo de exclusividade com o BTG Pactual por mais sete anos, mas nas outras linhas de atuação não, diz Gama. A participação do Gorila vai ser na holding que vai consolidar os negócios. “Dessa forma, a gente não fica refém só do crescimento do patrimônio na assessoria, outros negócios geram receitas com percentuais significativos para o grupo, isso permitiu que tivesse um ‘valuation’ melhorado, acima da média do mercado”, diz Gama.

A Gorila se posicionou como uma consolidadora de assessorias, consultorias e de gestoras de patrimônio, desde que recebeu uma capitalização de R$ 100 milhões no fim de 2021. Guilherme Miziara, chefe do “B2B”, conta que a Miura já tinha recebido uma injeção de recursos por meio de dívida, e o acordo agora pôde ser convertido em participação. “É um escritório ligado ao BTG. Isso mostra que [o investimento] não é só no contexto da nova regulação, mas que estamos fomentando os escritórios dentro das plataformas, num processo alinhado, que não compete com eles, a gente quer ajudar a desenvolver a cadeia e o segmento.”

O executivo diz haver outros negócios no radar e que tem avaliado estruturas com patrimônio de R$ 500 milhões a R$ 3 bilhões, que atuem com tíquetes entre R$ 300 mil e R$ 30 milhões. Já são cinco as investidas.

Após uma fase de exuberância, com avaliações esticadas, Miziara diz que agora há oportunidades de fechar transações em termos mais razoáveis, tanto para a Gorila quanto para as assessorias. Ele cita que houve momentos em que algumas transações chegaram a sair com um múltiplo de 5% do valor do patrimônio, um patamar que não se vê mais entre grandes distribuidores. “Se o investidor entra num múltiplo desses, ancora expectativas de crescimento muito altas, a barra sobe para a empresa.”… leia mais em Valor Econômico 06/06/2023