Em ano de crise econômica no Brasil, a centenária fabricante de cosméticos Granado acredita que a melhor fórmula é ampliar as operações no exterior.

A empresa planeja concluir até maio a venda de uma participação de 25% para fundos de investimento, diz o inglês Christopher Freeman, que adquiriu a empresa carioca em 1994, depois de três gerações de administração familiar. O dinheiro tem destino certo: a expansão das vendas externas para além da luxuosa loja de departamento parisiense Le Bon Marché (que marcou a estreia da marca fora do Brasil em 2013).

A botica fundada pelo português José Antônio Granado, em 1870, no centro do Rio de Janeiro, tem faturamento de R$ 380 milhões por ano. O negócio avançou 13% em 2015, segundo Freeman, que preside a companhia.

A empresa produz 10 milhões de unidades por mês, de um portfólio com mais de 800 itens. Criada como uma farmácia de manipulação, que chegou a servir a família imperial brasileira, a empresa ainda tem no portfólio o polvilho antisséptico, mas adicionou também sabonetes, fragrâncias, esmaltes, hidratantes e maquiagem.

As vendas da companhia no mercado internacional hoje representam menos de 1% da receita, mas podem chegar a 25% em cinco anos, segundo os planos do americano Freeman. O câmbio é um dos principais atrativos para a incursão definitiva no exterior.

Ele contratou os bancos de investimentos Itaú BBA e BTG Pactual para a venda da participação minoritária na companhia.

“Normalmente há dois tipos de investidores potenciais – os financeiros e os concorrentes -, mas é quase impossível fazer acordo com o segundo tipo, porque eles geralmente querem fatias majoritárias”, diz Freeman.

A Granado, dona também da Phebo, comprada em 2004, estreou no exterior em 2013, na loja de departamento parisiense Le Bon Marché, que pertence ao grupo LVMH, maior companhia de artigos de luxo do mundo. O espaço provisório que funcionaria apenas durante a operação comercial “Le Brésil Rive Gauche” foi um dos poucos que acabou se tornando permanente diante do resultado positivo da empresa.

A marca é considerada emblemática da cultura brasileira. As embalagens clássicas e os ingredientes naturais também caíram no gosto dos franceses.

“Já recebemos propostas de lojas de departamento inglesas e americanas”, diz o presidente. “Ainda não fechamos nada porque quando se fecha o negócio é preciso arcar com o custo dos novos pontos de venda, e não queremos nos precipitar.”

A companhia tem hoje 1,3 mil funcionários em uma fábrica em Japeri (RJ), inaugurada em 2015. A unidade anterior, no centro do Rio, foi desativada. – Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 05/042016