Quando um agricultor vai vender a safra, inicia um périplo de ligações para obter a melhor oferta por suas sacas ou mesmo trocar grãos por fertilizantes e agrotóxicos, num processo analógico — e por vezes desgastante — que pode se estender por mais de uma semana até a assinatura do contrato.

A Grão Direto, uma startup criada por três amigos que se conheceram na infância em Uberaba, quer mudar essa lógica, digitalizando a negociação de commodities agrícolas ao conectar produtores rurais dos quatro cantos do país aos mais diversos perfis de compradores, das grandes tradings a fábricas de ração e armazéns cerealistas.

Ao poucos, a agtech do trio Frederico Marques, Alexandre Borges e Pedro Paiva vem ganhando tração, e atraindo cada vez mais investidores. Desta vez, a Grão Direto trouxe para quadro de acionistas as tradings Amaggi, ADM, Cargill e Dreyfus, que estão entre as principais compradoras de grãos do país — na lista das grandes, só não estão Bunge e Cofco, por enquanto…

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Grão Direto atrai grandes tradings

Para dar escala à operação, a Grão Direto levantou R$ 40 milhões, na terceira rodada de investimentos da agtech. Além do aporte minoritário das tradings, os investidores que já haviam apoiado a startup nas primeiras captações acompanharam a rodada.

Na lista de acionistas, também estão nomes como a gigante alemã Bayer — maior companhia de sementes do mundo —, as gestoras Lanx Capital e Barn Invest e Grupo Rendimento, além de investidores pessoas físicas. Desde que foi fundada, em 2017, a Grão Direto já captou R$ 58 milhões.

“O agro é provavelmente um dos últimos mercados trilionários sem um marketplace no mercado físico”, disse o fundador e CEO da Grão Direto, Alexandre Borges, ao Pipeline.

No mundo, agtechs como a argentina Agrofy, a americana FBN e a Orbia — uma investida de Bayer e Yara — já avançaram na construção de um marketplace de insumos agrícolas, mas a jornada para a criação de um ecossistema para a negociação de commodities mesmo (no Brasil, sobretudo grãos) ainda está no início.

Não à toa, a Grão Direto conseguiu atrair as tradings, que também são clientes da plataforma. Mas o pioneirismo não significa que a startup está sozinha no mercado. No Brasil, agtechs como a Tarken, fundada por Luiz Tângari e Carlos Neto — os empreendedores por trás da Strider, vendida à Syngenta —, também estão erguendo um marketplace de grãos. Também há iniciativas menores, como a Gávea Marketplace, uma bolsa de commodities em blockchain e o unicórnio americano Indigo, de mals prontas para o Brasil… leia mais em Pipeline 03/03/2022