GTFoods, dono da Frangos Canção, prevê crescer 30%
Apesar de ter levado o grupo paranaense GTFoods a pisar no freio e retardar o projeto de construção de uma fábrica de embutidos, o cenário mais delicado da economia brasileira não deverá reduzir o ritmo de crescimento da companhia. Com os investimentos programados de mais de R$ 80 milhões para ampliar os abates de frango e as aquisições recentes, o grupo prevê crescer quase 30% neste ano e alcançar um faturamento de cerca de R$ 1,8 bilhão. Em 2014, foram R$ 1,4 bilhão.
Conforme Rogério Gonçalves, diretor administrativo do GTFoods, a operação de carne de frango, responsável por cerca de 80% das vendas da empresa, será mais uma vez a maior responsável pela expansão projetada. Desde 2011, quando foi criado a partir da aquisição da Avícola Felipe pela Frangos Canção, o grupo vem investindo na construção de aviários para os produtores integrados para promover o incremento dos abates.
A expectativa de Gonçalves é que o GTFoods encerre 2015 com um abate diário de 580 mil cabeças de frango, aumento de 16% na comparação com as 500 mil cabeças abatidas diariamente no fim do ano passado. Para 2016, quando o processo de ampliação dos abates estiver concluído, a empresa pretende abater cerca de 650 mil cabeças de frango ao dia.
Ao todo, o grupo investiu cerca de R$ 120 milhões para ampliar a produção de carne de frango desde 2012, de acordo com supervisor de marketing Valdemir Moura. No fim do ano passado, o GTFoods assinou um protocolo de intenções com o governo do Paraná que prevê incentivos fiscais para investimentos, que deverão totalizar R$ 205 milhões até o fim de 2016. Neste ano, a previsão é que os aportes alcancem R$ 85 milhões.
Segundo Gonçalves, os investimentos realizados desde 2012 e os aportes a serem feitos até o ano que vem no âmbito do “Paraná Competitivo”, programa que concede incentivos fiscais, têm foco nos abatedouros próprios, situados nos municípios paranaenses de Maringá, Terra Boa, Paranavaí e Paraíso do Norte (ver mapa). Além dessas plantas, o grupo tem um abatedouro arrendado em Arapongas (PR) e outro, com um parceiro, em Ipuaçu (SC).
Do ponto de vista comercial, o GTFoods mantém a aposta feita na ampliação das exportações. No ano passado, o grupo elevou a participação dos embarques ao exterior no faturamento total de 22% para 30%. Segundo Moura, o avanço das exportações foi conseguido após a habilitação da unidade de Maringá para vender à União Europeia. Com essa habilitação, os europeus se tornaram o segundo principal mercado para as exportações do GTFoods, atrás do Oriente Médio.
Se contou com o impacto positivo da Europa nas exportações no ano passado, no mercado doméstico foi a Rússia que ajudou, diz Gonçalves. Com a ampliação das exportações de empresas concorrentes ao mercado russo, os preços da carne de frango no mercado brasileiro melhoraram, o que ajudou a GTFoods. “A Rússia enxugou o mercado interno”, afirma.
Afora a produção de carne de frango, “coração” dos negócios da GTFoods, o grupo vem diversificando sua atuação. No início deste ano, concluiu a aquisição da Fresh Foods, especializada em pratos prontos, e de 50% da Chef Foods, que produz pão de queijo e produtos congelados. Juntas, as duas empresas faturam cerca de R$ 180 milhões, de acordo com a GTFoods.
Além dessas aquisições, o grupo também aguarda os últimos trâmites burocráticos para assumir a Lorenz, empresa de condimentos e conservas comprada no ano passado em leilão judicial. Paralelamente, a empresa também aposta na distribuição de alimentos produzidos por terceiros e vendidos com a marca Canção. Entre esse produtos, estão pão de queijo, bacalhau e batata. O segmento de distribuição representa 8% do faturamento do GTFoods.
Projeto mais ambicioso para a diversificação dos negócios da empresa, a construção de uma fábrica de embutidos deve levar mais tempo para sair por conta da crise econômica no Brasil, afirma Gonçalves. Orçado em R$ 48 milhões, o projeto já contava com o financiamento de um banco americano, e o GTFoods vem buscando um terreno, mas as perspectivas para a economia brasileira fizeram o grupo colocar o pé no freio. (Valor Econômico ) (Luiz Henrique Mendes) Leia mais em avisite 29/04/2015