Nascido em Guaxupé, no interior de Minas Gerais, João Marcos Rios não escolheu a medicina veterinária para cuidar de gatos e cachorros. Criado em uma família que trabalha com pecuária, estava mais interessado nos animais da roça. Resolveu mudar o rumo da carreira, contudo, quando notou que o mercado de saúde para pets ainda tinha muito para ser explorado no país.

“Desde muito novo, eu comercializava frango, gado, comprava animais em leilão e, na faculdade, tive a oportunidade de trabalhar com esse setor em países mais desenvolvidos”, conta o empreendedor. Mas foram justamente as experiências profissionais no exterior que lhe fizeram ter um olhar diferente para o mercado brasileiro e seu trabalho.

Enquanto via o varejo e a indústria pet em estágios mais avançados — com nomes como Petz e Cobasi ganhando cada vez mais espaço — a área de serviços lhe parecia muito mais fragmentada e imatura. “Ninguém fala de market share em hospitais e clínicas”, ele diz. “Então eu resolvi abandonar os animais de grande porte e passei a pensar nisso.”

Foi em 2020, em meio ao boom de adoção de animais de estimação na pandemia, que ele se juntou a outro médico veterinário, Alan Mora, para fundar no interior de São Paulo um hospital de tratamento intensivo, o VFP — hoje com duas unidades em operação, em Ribeirão Preto e Araraquara, e outras duas em construção, em São José dos Campos, também em São Paulo, e Uberlândia, em Minas Gerais.

Agora, a empresa está iniciando uma rodada de captação. A meta é levantar R$ 120 milhões, dinheiro que servirá para continuar expandindo a rede. Já tratado por médicos veterinários como uma referência nas regiões onde atua, o grupo quer ser reconhecido como o “Einstein dos pets”, em referência ao hospital de elite da zona sul de São Paulo.

As próximas unidades, no entanto, não terão a capital paulista como destino. Apostando em um modelo de franquias no qual 49% do negócio fica com o franqueado, o VFP tem dado prioridade aos lugares que surgem a partir da demanda dos parceiros. Pelas negociações que estão em curso, o grupo deve desembarcar também em Franca, no interior de São Paulo, e ter uma segunda unidade em Uberlândia.

O VFP tem se dedicado a tratamentos mais complexos e atendimento emergencial em um modelo B2B2C. A infraestrutura e o modelo de negócio permitem com que o veterinário de confiança do tutor possa realizar os procedimentos na clínica ou área cirúrgica com o apoio de uma equipe treinada para situações de maior risco. O prontuário pode ser acessado por meio de uma plataforma, com atualizações em tempo real.

Por ser um negócio de capital intensivo, o grupo até aqui se financiou por meio de franquias e investimento externo, para crescer mais rápido, apesar de os hospitais serem lucrativos. Entre as principais participações está a de um investidor-anjo do sul de Minas Gerais, apurou o Pipeline.

Descendente de uma família que atua há 40 anos com plantações de cafeicultura, ele tem o VFP como um dos poucos negócios em estágio mais inicial na carteira. Os principais ativos são empreendimentos imobiliários na capital paulista e uma corretora de café que exporta para Europa, EUA e Oceania. Ao entrar cedo no negócio, comprou 10% do VFP a um valuation de R$ 12 milhões em 2022. E agora está assinando mais um cheque para acompanhar esta rodada.

Embora a rede esteja crescendo por meio de franquias, os sócios do VFP também veem como estratégico ter lojas próprias — e passaram a recomprar as participações dos primeiros empreendimentos. Por um tempo, o negócio deve seguir em modelo misto, até que a companhia possa captar mais. A ideia é não perder o ritmo de expansão em um segmento que cresce dois dígitos anualmente desde a pandemia. No ano passado, o mercado pet somou R$ 70 bilhões.

Entre as principais concorrentes, a WeVets recentemente levantou R$ 100 milhões com a Treecorp. Já a PetCare foi vendida há seis anos para o grupo americano VCA por cerca de R$ 150 milhões (posteriormente, o VCA foi comprado pela Mars, grande conglomerado americano do setor de saúde e nutrição para animais de estimação). A +Pet, focada no segmento de planos de saúde e atendimento hospitalar, captou recentemente R$ 65 milhões junto a investidores-anjo…. leia mais em Pipeline 05/06/2024