Com isso, gestora planeja transformar grupo em holding de concessões de infraestrutura para a América Latina

A gestora IG4 Capital concluiu a compra do conglomerado peruano Graña y Montero (agora chamado Aenza), um dos maiores grupos de infraestrutura da região. O plano é transformar a companhia em uma plataforma de concessões para toda a América Latina.

A gestora de private equity, liderada por Paulo Mattos, adquiriu fatia de 33,87% na empresa, o que garante seu controle. A operação envolveu total de US$ 80 milhões (o equivalente a R$ 418 milhões, na cotação atual). Haverá um desembolso de US$ 58 milhões para a aquisição das ações, além de uma injeção de US$ 22 milhões em debêntures conversíveis em ações, que devem garantir o capital de giro da companhia no curto prazo – com a conversão, a participação acionária da IG4 pode aumentar.A gestora adquiriu toda a fatia dos antigos donos e executivos da Aenza – que, tal como as grandes empreiteiras brasileiras, entrou em crise após a revelação de escândalos de corrupção pela operação Lava Jato. Além disso, foi feita uma oferta pública de ações, para adquirir a participação de minoritários que optaram por sair do negócio. A empresa tem ações listadas na Bolsa de Valores de Lima e negocia American Depositary Receipts (ADRs) na Bolsa de Valores de Nova York.

A transação havia sido firmada em setembro de 2020, mas o fechamento só se concretizou nos últimos dias devido à sua complexidade. A operação dependia da assinatura do acordo de leniência do grupo com as autoridades peruanas, o que só se concretizou em maio deste ano. Além disso, foi preciso fazer uma revisão das condições, para contemplar os impactos da pandemia nos ativos do grupo.

A partir de agora, deverá ser feita a troca do conselho e a implementação do plano de reestruturação, que está sendo feito com a assessoria da Lazard.

A ideia, ao menos a princípio, é transformar a Aenza em uma holding de concessões de infraestrutura, com possibilidade de expansão em toda América Latina de língua espanhola.

Hoje o grupo peruano é bastante focado em engenharia. Além disso, tem operações de óleo e gás e ativos no mercado imobiliário. Segundo fontes de mercado, a tendência é que esses negócios sejam vendidos, ou que seja feito um “spin-off”.

O plano para a Aenza é ampliar as concessões de infraestrutura. Hoje, a empresa já tem ativos em diferentes segmentos: opera três concessões rodoviárias; a Linha 1 do Metrô de Lima, no Peru; além de um contrato para o tratamento de água, também na capital peruana. Além disso, há a intenção de expansão a outros países. Hoje, as operações estão no Peru, no Chile e na Colômbia.

A aquisição é mais um marco para a IG4, que no Brasil já opera a Iguá Saneamento, uma das maiores operadoras privadas do país, a Opy Health, braço de saúde do fundo, e o CLI (Corredor Logístico Integrado), que administra um terminal de grãos no Maranhão.

Além disso, a gestora está em processo de entrar no bloco de controle da CCR. Em maio, a IG4 fez uma oferta vinculante para adquirir a participação de 14,86% da Andrade Gutierrez no grupo de infraestrutura brasileiro, por ao menos R$ 4,6 bilhões.

Nesta semana, a operação teve mais um avanço: os demais sócios controladores da CCR – Camargo Corrêa e Soares Penido – abriram mão do direito de preferência. Porém, ainda há negociações complexas pela frente, já que a operação envolve a reestruturação da dívida da Andrade Gutierrez e a reformulação da estrutura de governança entre os sócios controladores. – VALOR ECONÔMICO Leia mais emclippingdotblog 12/08/2021