Após duas tentativas frustradas, a incorporadora mineira Emccamp, que atua principalmente em empreendimentos para o Minha Casa Minha Vida, está se aproximando mais uma vez de um IPO. O projeto retoma fôlego no momento em que empresas de construção que já estão na bolsa testam o apetite do mercado com ofertas, de olho na expansão do programa habitacional do governo.

A Emccamp concluiu em agosto os dois últimos passos que faltavam para estar pronta para ir à bolsa quando aparecer uma janela favorável. Daqui por diante, são as condições do cenário macroeconômico que vão ditar o ritmo de listagem – o que a empresa acredita ser possível entre o fim deste ano e o primeiro semestre do ano que vem.

O primeiro ajuste foi a mudança de categoria de emissor, que passou de B para A na CVM e permite uma listagem no Novo Mercado da B3. O outro foi a conclusão de um processo de sucessão e de um acordo de acionistas, conduzidos pela consultoria Kienbaum. Criada em Belo Horizonte em 1977, a empresa tem como principais acionistas o fundador Régis Pinheiro de Campos, com participação de 41,91%, e seu irmão Eduardo, com 22,91%. Uma segunda geração da família já está participando da gestão.

Incorporadora Emccamp avança em plano

A ideia da Emccamp é fazer uma oferta prioritariamente primária para financiar o crescimento. Para isso, já começou a fazer sondagens informais no mercado. “Com início do ciclo de corte da taxa Selic, os investidores retomaram os investimentos em ações e estamos preparados para ir a mercado do ponto de vista econômico, financeiro e de governança”, afirma André Avelar, diretor financeiro e de relações com investidores da empresa.

Antes, porém, a Emccamp terá de esperar para ver qual será a demanda para a primeira leva de IPOs que virá quando acabar a seca que marcou 2022 e se estende por 2023. Após a enxurrada de aberturas em 2020 e 2021, com boa parte das empresas frustrando investidores, o mercado deve voltar mais rigoroso, mirando primeiro as companhias de maior porte que possam realizar emissões acima de R$ 1 bilhão.

O que conta a favor da Emccamp é que o setor imobiliário é um dos que mais têm aproveitado o reaquecimento dos follow-ons, um dos sinais da melhora do mercado de ações. Desde junho, nomes como Direcional, Tenda, MRV e Plano&Plano já lançaram ofertas. Além de estarem em busca de recursos para aliviar as dívidas que cresceram durante o período de aperto monetário, todas têm a expectativa de surfar a turbinada que o MCMV tem recebido do governo Lula.

A própria Emcamp, que tem 85% dos seus lançamentos ligados ao programa habitacional do governo, já está se beneficiando do aumento do teto para a compra de imóveis que são subsidiados, que em julho subiu para R$ 350 mil, abrangendo famílias com renda mensal de R$ 4,4 mil a R$ 8 mil.

O restante dos empreendimentos que a incorporadora lança é formado por imóveis com valor entre R$ 400 mil e R$ 500 mil, que podem ser financiados com recursos da poupança e também devem se beneficiar da tendência de queda da Selic, hoje em 13,25%.

Um dos maiores projetos da empresa é o megaempreendimento Porto Carioca, que está sendo construído no Rio de Janeiro e já tem mais de 80% das unidades vendidas. Lançado em agosto de 2022, o projeto tem um valor geral de vendas (VGV) estimado de R$ 636 milhões e compreende cinco torres, com unidades residenciais e área comercial, além do edifício-garagem.

A última tentativa de IPO da incorporadora foi em 2020, mas a empresa acabou desistindo da oferta em janeiro do ano seguinte devido à piora das condições de mercado. Para financiar o crescimento, a companhia emitiu R$ 150 milhões em debêntures em 2021 e R$ 40 milhões em 2022, totalizando uma dívida bruta de R$ 190 milhões.

De lá para cá, a receita operacional líquida mais do que dobrou e atingiu R$ 832 milhões no ano passado, com expectativa de alcançar R$ 1,5 bilhão até 2025. Já o lucro líquido, que havia sido de R$ 40,7 milhões em 2020, ficou praticamente no mesmo patamar no ano passado, em R$ 42 milhões…. leia mais em Pipeline 12/09/2023