De olho num mercado que cresceu 19% em 2011, movimentando quase R$ 10
bilhões no ano, gigante mundiais como Siemens, Toshiba, General Electric (GE) e
Philips aceleram investimentos para aumentar a nacionalização de seus
equipamentos médico-hospitalares. As medidas respondem à política de incentivo
promovida pelo governo federal que visa a diminuir o déficit da balança comercial
do setor.

A alemã Siemens está investindo R$ 50 milhões na construção de uma nova fábrica
em Joinville (SC), onde devem ser produzidos de 200 a 300 equipamentos no
primeiro ano de atividade, entre aparelhos de ressonância magnética, tomógrafos e
máquinas de raio X analógicas e digitais.

“O crescimento da classe C e a melhora do nível de emprego deram oportunidade a
mais pessoas de terem acesso a planos de saúde, o que tem levado o mercado de
saúde a crescer a uma taxa de dois dígitos, impulsionada pelo avanço do setor
privado”, diz o CEO de Healthcare da Siemens Brasil, Armando Lopes.

Políticas como o Finame, linha de financiamento do BNDES para compra de
máquinas e equipamentos de fabricação nacional, e a preferência para produtos
brasileiros nas licitações públicas foram estímulos importantes para a instalação da
nova planta, afirma o executivo. Lopes adianta ainda que a produção local de
reagentes para exames clínicos poderá ser um futuro foco da companhia no Brasil.
“Vai depender do mercado”, afirma.

A japonesa Toshiba é outra que inaugura nova planta no País ainda este ano, a
terceira na área de saúde em todo o mundo – sendo as demais no Japão e na
China. Com investimentos previstos de R$ 120 milhões para os próximos cinco
anos, a fábrica em Campinas (SP) produzirá inicialmente tomógrafos e ultrassons.
“Estamos preparando uma planta para fabricar aqui todas as modalidades, mas, em
princípio, ela vai fornecer aqueles aparelhos que têm maior demanda no País”,
explica o presidente da Toshiba Medical do Brasil, Gerardo Schattenhofer. A
unidade também deve servir de plataforma de exportação para a América Latina.

Segundo o executivo, a Toshiba tem obtido crescimento, em média, de 11,5% ao
ano, nos últimos 10 anos, tendo cerca de 25% e 20% de participação de mercado
em tomógrafos e ultrassons, respectivamente.

E o crescimento não deve ser
apenas orgânico. “Aquisições sempre estão em perspectiva”, diz Schattenhofer.
Segundo ele, a obsolecência de parte do parque, a ascensão social e o fato de o
País ainda possuir regiões sem um nível mínimo de equipamentos para diagnóstico
garantirão a demanda futura.

É este crescimento de demanda que deve fazer o aporte de US$ 50 milhões,
previstos para serem aplicados de 2010 a 2020 pela norte-americana GE, serem gastos antes, até 2015 ou 2016. “Só este ano estamos triplicando a capacidade
produtiva da nossa planta em Contagem (MG) e poderemos fazer novos
investimentos até 2020, além desses US$ 50 milhões, para ampliá-la ainda mais”,
diz o presidente da GE Healthcare América Latina, Rogério Patrus. A unidade fabrica
raio-x, mamógrafos, tomógrafos, pet/ct e está em aprovação para produção de
equipamento de ressonância

A companhia, que há dois anos transformou a AL numa região independente, de
olho no potencial de crescimento dos mercados emergentes, tem crescido 25% na
região nos últimos dois anos, segundo o CEO.

No mercado brasileiro, Patrus ressalta o potencial de negócios gerado pelo início da
adoção do modelo de Parcerias Público-Privadas (PPPs) na saúde. “O governo vem
mudando de comprador para pagador e vamos apoiá-lo nessa iniciativa, nos
aproximando das empresas que realizarão esses investimentos para atuar como
fornecedores, ajudando a criar modelos viáveis”, afirma.

Diferentemente das concorrentes, a holandesa Philips aposta em aquisições para
crescer no País. Nos últimos cinco anos, investiu R$ 300 milhões na aquisição de
quatro empresas nas áreas de diagnóstico por imagem, monitoramento e
informática, e na ampliação e integração dessas operações. “As aquisições
permitem ganhar presença no mercado de forma mais rápida e trazem junto canais
de serviços e vendas”, diz o diretor sênior da Philips Healthcare Brasil, Marcos
Cunha.

Segundo ele, todas as linhas de produtos já são fabricadas no Brasil, à exceção dos
equipamentos de medicina nuclear. “A medida que esta modalidade cresça,
também pode estar nos planos da Philips”. De acordo com Cunha, a holandesa tem
26% de market share em diagnóstico por imagem e a meta é ganhar 3% de
participação em dois anos. A empresa segue avaliando aquisições no País.
Por THAIS CARRANÇA
Fonte: DCI 04/05/2012