Investida da Vinci, a catarinense Transpotech acaba de levantar R$ 80 milhões em uma emissão de debêntures, sua primeira operação no mercado de capitais. Como os recursos, remunerado a CDI mais 4,5% e prazo de seis anos, a companhia de capital intensivo aumenta sua frota de empilhadeiras para locação, com a ambição de passar do terceiro para primeiro lugar no segmento no país no médio prazo.

“Temos feito investimento grande em equipamentos novos, expandindo e renovando frota, com dinheiro alocado pela Vinci e agora com debêntures. Somos a única empresa de empilhadeiras que vendeu participação para colocar o dinheiro no caixa, não no bolso”, diz Ricardo Oribka, CEO da Transpotech.

Nos últimos 10 anos, a companhia multiplicou por quase 100 seu tamanho, saindo de R$ 3 milhões em 2013 para os R$ 270 milhões que vai fechar neste ano, 70% acima do ano passado. O Ebitda deve fechar em R$ 65 milhões. Acelerada pela demanda do ecommerce na pandemia e pela retomada industrial na sequência, a empresa conseguiu antecipar as entregas acordadas com o novo sócio.

Quando a Vinci entrou no capital da Transpotech, ao final de 2021, o plano era faturar R$ 250 milhões em 2027. Na aquisição, a Vinci aportou R$ 108 milhões, por 40,9% da empresa, dinheiro utilizado também na expansão de frota. Hoje são 2,6 mil máquinas locadas e é o maior distribuidor da marca paulista Still.

Investida da Vinci Transpotech testa mercado de capitais

“Temos um sonho na companhia de chegar a cinco mil máquinas e meio bilhão de faturamento nos próximos anos, o que nos colocaria na liderança do segmento entre as empresas independentes”, diz o CEO.

A companhia foi criada em 2001 como prestadora de serviços de manutenção e Oribka era o segundo funcionário. Virou sócio minoritário naquele ano, quando a Transpotech teve receita de R$ 500 mil, e nove anos depois comprou a parte do chefe.

“A companhia era uma oficina de empilhadeiras multimarcas e começou na locação quando comprei a operação. Mas nunca abandonamos o serviço, que dá perpetuidade para empresa”, diz Oribka. “Enquanto houver uma empilhadeira numa empresa, vai haver necessidade de peça e manutenção.”

A Transpotech tem 40 mil m2 de oficinas somadas, com 280 carros-oficina. São 300 mecânicos, sendo 4% mulheres, em um projeto iniciado com a Vinci da ‘mecânica 4.0’, nos últimos dois anos. Um ponto que atrai o fundo de impacto da Vinci é que 73% da frota da Transpotech é elétrica – não por “cacarejo ESG”, diz o CEO catarinense, “mas por DNA.”

“Hoje, se o cliente quer comprar empilhadeira, vendemos. Se quer manutenção na máquina que ele já tem, prestamos. Se quer desmobilizar, compramos a frota dele e passamos a alugá-la”, diz José Luis Pano, o Pepe, sócio da Vinci. O private equity vê espaço para uma consolidação no segmento e, segundo Pepe, hoje a Transpotech tem três acordos de confidencialidade (NDAs) para potenciais aquisições.

Filho de mecânico, Oribka reconhece a semelhança entre a história da Transpotech e da Armac, que mostrou que dava para sonhar mais alto. “Temos uma história parecida e, quando o Gávea entrou na Armac, tínhamos tamanho semelhante, em linhas diferentes”, diz o CEO. “O movimento que a Armac fez nos mostrou possibilidades que não eram tangíveis na nossa cabeça, como levar empilhadeira para a bolsa.”

Ainda que o IPO seja um caminho possível no futuro, tanto Oribka quanto Pepe avaliam que estreias de empresas médias em bolsa não foram tão frutíferas e que uma transação com estratégico é uma saída mais usual para o private equity nesse patamar de negócio. “Mas se aproximar do mercado de capitais é importante para a empresa, por isso a captação por debênture”, diz Pepe… leia mais em Pipeline 02/08/2023