No 2º trimestre, indicador registrou 13º queda seguida, informou o IBGE

Apesar da volta do PIB ao terreno positivo este ano, o investimento segue recuando e perdendo relevância no desempenho da economia. O IBGE informou nesta sexta-feira que a formação bruta de capital fixo (FBCF) — referência para o investimento — despencou 6,5% frente ao segundo trimestre de 2016, o 13º resultado negativo nesse tipo de comparação. Segundo o economista-chefe do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, o investimento brasileiro encolheu 29,7% desde o terceiro trimestre de 2013, às vésperas do começo da crise, retrocedendo ao mesmo nível do segundo trimestre de 2009, oito anos atrás.

“O encolhimento do estoque de capital na economia (redução da relação entre capital e trabalho) compromete o crescimento da produtividade, reduz o PIB potencial e vai dificultar a recuperação da economia”, escreveu Ramos em relatório publico após a divulgação dos númenos do IBGE nesta sexta.

A taxa de investimento no segundo trimestre deste ano 2017 foi equivalente a 15,5% do PIB, abaixo do observado no mesmo período do ano anterior (16,7%) e no pico de 21,1% no segundo trimestre de 2013.

O investimento registrou queda de 0,7% em relação ao primeiro trimestre, a quarta queda consecutiva, porém menos intensa que o recuo de 0,9% do primeiro trimestre. No acumulado em 12 meses, a queda acumulada é de 6,1% — a menos intensa desde o quarto trimestre de 2014, início da recessão.

Segundo Neil Shearing, economista-chefe para mercados emergentes da consultoria Capital Economics, parte da razão para a dificuldade de retomada do investimento está no escândalo político que marcou o segundo trimestre, com as denúncias dos executivos da JBS contra o presidente Michel Temer em meados de maio.

“Isso ajuda a explicar a nova queda do investimento, com as empresas cortando planos de gastos até que o cenário político fique mais claro”, afirmou.

De acordo com Shearing, o investimento está 30% abaixo do seu nível mais alto no pré-crise.

“Olhando para frente, o fim relativamente forte do segundo trimestre estabelece uma largada sólida para o terceiro trimestre. O ritmo de crescimento do consumo não se sustenta, mas, por outro lado, está aberto para discussão até onde o investimento pode cair. Agora, ele está 30% abaixo do seu pico pré-crise”, acrescentou.

A Capital Economisc estima que a economia crescerá 1% este ano e 2,8% em 2018, previsão mais otimista que a maioria dos economista. Leia mais em epocanegocios 01/09/2017