Governo Dilma Rousseff planeja a “segunda geração de políticas sociais”. Grupo representa mais da metade da população e responde por cerca de 47% do consumo do país.

Com uma população se aproximando de 100 milhões de pessoas, a classe C, também chamada de nova classe média, é o alvo do governo federal para o que já se chama de “segunda geração de política sociais”. De olho na importância desse contingente na economia -o que pode se reverter em votos nas eleições-, o governo quer fortalecê-lo.

A classe C representa mais da metade da população brasileira, responde por cerca de 47% do consumo do país, metade dos cartões de crédito emitidos, 60% dos acessos à internet, 42% das despesas com educação e quer mais. As informações, reunidas pela SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), vão compor um banco de dados para conhecer mais essa parcela da população. “Esse ganho [o crescimento da nova classe média] não podemos perder. Temos que agir preventivamente para acompanhar os reflexos econômicos mundiais na vida das pessoas e consolidar essa nova classe média”, afirmou o ministro Moreira Franco, da SAE.

Diante do impacto negativo da crise financeira internacional de 2008 no país, o estímulo ao consumo dessas famílias foi usado pelo governo federal para ajudar o Brasil a reverter uma queda mais forte da economia e fez com que o país se recuperasse mais rapidamente.

A criação de um banco de dados, segundo ele, é um primeiro passo para tentar identificar “o que essa população quer, quais são seus valores e os sonhos”.

Amanhã, a classe C será tema de um seminário sobre políticas públicas para a nova classe média, de onde o ministro espera que surjam ideias para novas ações.

FERRAMENTA

Um ponto que chamou a atenção do governo é a importância dada à educação. “A maioria dos jovens brasileiros está nessa classe média e sabe que a educação é a ferramenta para melhorar a condição de vida”, afirmou Franco. É justamente isso que defende Elaine Cristino Brasero Souza, 34. Depois de ficar um ano desempregada com o marido, em 2005 os dois abriram um pequeno comércio em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo.

Inicialmente, a renda familiar de cerca de R$ 4.000 por mês foi usada para trocar o carro, comprar televisores modernos, viajar e adquirir um terreno. Agora que a vida está mais “estabilizada”, a prioridade é construir a casa própria e garantir o pagamento de uma escola particular para o filho de oito anos e das gêmeas, de cinco. “Meus filhos vão ter mais estudo. Vão cursar uma faculdade e ter mais oportunidades do que eu e o pai deles tivemos”, afirma.

Para ela, “a vida hoje já está difícil para quem fez faculdade. Imagine se eles, no futuro, não tiverem diploma”.

Fonte:FolhadeSãoPaulo08/08/2011