O JP Morgan, um dos maiores bancos do mundo, pagou US$ 175 milhões pela Frank, uma fintech que provavelmente não vale nada. Isso porque, dos 4,5 milhões de clientes apresentados pela fintech ao banco, apenas 300 mil seriam reais.

Pelo menos, é o que argumenta o JP Morgan em um processo iniciado no final do ano passado numa corte em Delaware, segundo o The Wall Street Journal.

A Frank foca em ajuda estudantes no processo de solicitar empréstimos estudantis. O volume de clientes é portanto um indicador chave.

Por isso mesmo, durante o processo de avaliação de compra (o tal due diligence) o JP Morgan pediu provas da quantidade de usuários que a startup afirmava ter.

JP Morgan compra fintech que não vale nada

A Frank primeiro negou o pedido, argumentando que não poderia compartilhar a lista de clientes por uma questão de privacidade. Quando o JP Morgan insistiu, a empresa teria criado uma lista com 4,2 milhões de falsos clientes com nomes, endereços, datas de aniversário e outras informações pessoais, segundo a alega a JP (ironicamente, isso sim é uma violação massiva de privacidade).

O CEO e o GGO da Frank teriam pedido inicialmente para um desenvolvedor criar uma lista falsa.

Ele negou (mais um profissional de TI tentando fazer a coisa certa) e os executivos acabaram pagando US$ 18 mil a um professor de data science de Nova York para criar a lista.

A acusação do banco inclui print screens de mensagens entre esse professor e o CEO discutindo a melhor forma de fabricar a lista para que ela ficasse crível.

Segundo o documento, o banco de dados custou US$ 105 mil e foi comprado de uma companhia chamada ASL Marketing.

Mas a história não acaba aí. O CEO do Frank também está processando o JP, acusando o banco de estar inventando uma “rescisão por justa causa”, visando deixar de pagar alguns milhões ainda em haver.

“Depois que o JP Morgan comprou o negócio de grande potencial, o banco percebeu que eles não teriam como contornar as leis de privacidade de estudantes, cometeu uma má conduta e depois tentou cancelar o acordo”, disse o advogado do CEO à Forbes.

Discussões judiciais à parte, fica a questão de como um dos maiores bancos do mundo não consegue descobrir que uma lista de clientes é quase 100% falsa antes de comprar uma startup.

Como o JP descobriu a fraude é mais um desdobramento bizarro da história: segundo o WSJ, foi com uma campanha de e-mail marketing.

As mensagens enviadas para mais de 70% dos endereços de e-mails dos supostos clientes da Frank não conseguiram ser entregues com sucesso.

No final, era só ter mandado alguns e-mails… leia mais em Baguete 13/01/2023