Lala pode questionar a venda da Itambé
É o que disse Scot Rank, presidente da Lala, em teleconferência com analistas
A compra da Itambé Alimentos pela francesa Lactalis ganha contornos de uma futura batalha judicial. A empresa mexicana de lácteos Lala, que tentou comprar a Itambé – mas ficou só com a Vigor -, pode entrar na Justiça para questionar a operação, segundo fonte próxima à companhia.
Em teleconferência ontem com analistas sobre a aquisição da Vigor, o presidente da Lala, Scot Rank, foi econômico sobre o assunto, mas admitiu que a empresa está “analisando com conselheiros externos as implicações comerciais e legais” da venda da Itambé para a Lactalis. Ele fez a declaração quando uma analista o questionou se a operação mudava o ambiente competitivo para a empresa que acaba de ingressar no Brasil.
Em agosto, a Lala anunciou a compra da Vigor, que era controlada pela J&F, e de até 100% das ações da Itambé (joint venture entre a Vigor e a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais Ltda – CCPR). O acordo de acionistas entre Vigor e CCPR previa direito de preferência para a central recomprar a fatia de 50% na Itambé em caso de venda da Vigor. A CCPR exerceu esse direito e retomou o controle da Itambé, mas na última terça-feira surpreendeu o mercado anunciando a venda da empresa mineira para a gigante Lactalis.
Procurada, a Lactalis preferiu não se manifestar. A CCPR não respondeu ao pedido do Valor. A base para o eventual questionamento da transação pela Lala é que durante as negociações para a venda da Vigor (que incluía a participação na Itambé) foi assinado um contrato de confidencialidade, pelo qual as empresas que participaram do processo de compra e apresentaram oferta pelos ativos não poderiam negociar com a CCPR pelo período de dois anos, como já informou o Valor.
Outro efeito da venda da Itambé para a Lactalis é que a Lala deve voltar a prospectar ativos no mercado brasileiro de lácteos, disse a mesma fonte próxima à empresa mexicana.
Na teleconferência ontem, Scot Rank, CEO da Lala, também fez questão de destacar que os suprimentos de leite da Vigor e da Itambé sempre foram independentes. “A Vigor tem operações de abastecimento de leite totalmente independentes da Itambé”, afirmou, antes mesmo de ser questionado por analistas.
A razão para a preocupação é que o negócio entre Lactalis e CCPR inclui um contrato de fornecimento de leite de longo prazo. Pelo acordo, os produtores de leite associados da CCPR fornecerão a matéria-prima para a Itambé. Como ficou sem a Itambé, a Lala perdeu chances de ganhos de sinergia no segmento de produção, acreditam alguns analistas. Fonte: Valor Econômico Leia mais em supermercdomoderno 12/12/2017