Na contramão da tendência do mercado, de terceirizar atividades a fim de promover fôlego ao caixa da empresa, a Librelato traçou meta de tornar-se cada vez mais verticalizada. Para cumprir com este, dentre outros objetivos, como tecnologia em processos, novos produtos e infraestrutura, no ano em que completa 55 anos de história a empresa anunciou investimento de R$ 405 milhões até 2028.

O processo de verticalização teve início em 2022 e seguiu em 2023, quando a Librelato adquiriu duas empresas, a Ibero, que fabrica eixos e suspensões, e a Sthall Master, que faz os componentes menores, como suportes e reservatórios de ar. Os aportes integraram investimento de R$ 150 milhões de ciclo de três anos encerrado em dezembro, que também modernizou as operações.

“Queremos crescer cinquenta anos em cinco”, disse Aloir Librelato, presidente do conselho administrativo da companhia. “Nossa intenção é ser uma empresa centenária e disto faz parte o crescimento em autopeças, segmento em que vemos potencial enorme.”

Do novo aporte R$ 70 milhões já estão sendo aplicados em novas tecnologias, produtos e processos – a unidade de Içara, SC, por exemplo, ganhou três novos cortadores a laser. Outra parte dos recursos será dedicada à aquisição de empresas. Uma terceira fábrica de componentes está sendo negociada e será anunciada no segundo semestre.

Segundo o CEO da Librelato, José Carlos Sprícigo, a companhia está de olho em empresas de autopeças e também em fabricantes menores, com o objetivo de ampliar sua participação de mercado, hoje em 12% para 14% ou 15% no fim do ano e, em 2028, para 20%. Atualmente a Librelato é a terceira maior produtora de implementos do País, atrás da Randon, com 24%, e da Facchini, com 27%.

Outra novidade é que a fábrica onde funcionava a Ibero, em Itaquaquecetuba, SP, será ampliada a fim de reforçar a produção de eixos e suspensões e para abrigar a logística da operação. Foram aportados R$ 17 milhões na aquisição de terreno, em negócio fechado em maio, e R$ 5 milhões na infraestrutura do local – os recursos, de origem do capital dos sócios, são adicionais aos R$ 405 milhões. A unidade, que tinha 40 mil m², ganhará mais 30 mil m².

Do faturamento projetado para 2024, R$ 3,4 bilhões, R$ 800 milhões deverão ser gerados por empresas de autopeças da holding controladora Librepar, criada seis meses atrás, afirmou Sprícigo.

Planejameto teve início durante a pandemia

Efeito colateral da pandemia a falta de componentes despertou na Librelato a ideia de, literalmente, trazer o problema para dentro de casa. Foi quando traçou plano de começar a produzir também o que está na parte de baixo do chassi, em busca de ampliar sua competitividade, contou o diretor comercial Sílvio Campos: “Estávamos olhando empresas do setor de menor porte quando pensamos na Ibero, nosso maior fornecedor e, nós, seu maior cliente. Era, portanto, um negócio que daria muito certo. Começamos a negociar em 2021 e o concretizamos um ano atrás”.

A Librelato também tem visto a manobra como forma de ampliar sua presença em ramos em que não possui tanta representatividade, como o lonado/sider, em que agora, com custos menores de produção, será possível competir melhor: “Tínhamos um produto que era superior em benefícios mas também muito superior em preços. Éramos uma empresa de nicho neste segmento, com menos de 3% de participação em 2021. À medida que fomos produzindo mais dentro de casa e mantendo as características do produto esta fatia foi sendo ampliada e, hoje, estamos com 17%”.

O valor do implemento, segundo Campos, foi reduzido em 8%: “Como este é um segmento que envolve muitos frotistas o fator preço é muito importante. Consideramos um caso de vitória”.

Sprícigo contou que a companhia está de olho também em empresas de autopeças no Espírito Santo e em Minas Gerais, por causa dos incentivos fiscais: “Mercados de nicho têm de ser atingidos pela proximidade. É importante, portanto, para tornar a operação sustentável estar mais perto do cliente”.

A estrutura da Librelato, até então composta pelas fábricas de Criciúma, Içara e Orleans, todas em Santa Catarina, ao ganhar sua quarta unidade em Itaquaquecetuba, fez com que sua força de trabalho passasse de 2 mil empregos diretos, sendo 1 mil 250 no chão de fábrica, para 3,1 mil… leia mais em AutoData 05/06/2024