O presidente do Magazine Luiza, Frederico Trajano, foi questionado a respeito do ritmo de aquisições da companhia após a divulgação de prejuízo líquido de R$ 79 milhões no quarto trimestre de 2021, acima do esperado pelo mercado. O executivo afirmou que o foco, agora, é integrar aquilo que a empresa já comprou. “Foram 20 aquisições em 2 anos, agora precisamos digerir”, disse.

Trajano afirmou que a companhia está focada em ampliar os ganhos que as diversas frentes trazidas para a empresa podem gerar. Melhorar a rentabilidade da venda de produtos de terceiros pela internet, é um dos focos da companhia, que fez ajustes nas tarifas cobradas dos lojistas virtuais em fevereiro. Uma das principais mudanças é que, antes, a empresa chegava a subsidiar até 100% do preço do frete. Agora esse incentivo atinge, no máximo, a casa dos 70%.

Questionado sobre o cenário desafiador para o segmento de bens duráveis, Trajano disse que a diferença do segundo semestre de 2021 para o momento atual é que, agora, a companhia está preparada.

“Não estávamos preparados para a mudança de ventos do segundo semestre. Ninguém estava. Nada mudou, mas agora estamos preparados para isso”, afirmou. Ele argumenta que a companhia fez ajustes para “rentabilizar a operação”, dimensionando a estrutura e a capacidade da empresa para a demanda reduzida do momento. Ele cita equipes focadas na otimização da área logística e de marketing, para obter retornos maiores.

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Inflação

Trajano, disse que, em um contexto de inflação, o País vira “um Brasil de poucos”. Exemplo disso é que, na Black Friday, a empresa apostou em produtos ‘premium’, já que públicos de maior poder aquisitivo tendem a ter menos corrosão de renda com a alta inflacionária. “A Black Friday foi daquela maneira, mas sentimos falta de vender para as massas”, diz o executivo

Ele afirma que o fato da população de mais baixa renda ter seu poder de compra reduzido e as categorias de produtos mais caros continuarem resilientes é “ruim para a economia e ruim para o Magazine Luiza”.

Questionado a respeito da diminuição das margens da companhia, Trajano disse que deve haver melhora nesses indicadores ao longo do ano. “Margens vão melhorar gradualmente ao longo do ano”, afirmou. Ele considera que o ano de 2022 tem menos imprevisibilidade do que o anterior. Sendo assim, a companhia deve trabalhar para voltar a ter capital de giro positivo durante os próximos meses.

Prejuízo maior do o esperado

O Magazine Luiza reportou resultados abaixo do esperado pela XP no quarto trimestre de 2021, apesar de a casa já esperar um cenário desafiador para a varejista. O destaque negativo ficou por conta da margem Ebitda 2,6% menor na comparação anual, reflexo da fraca performance das lojas físicas no período.

Em relatório, os analistas da XP Investimentos Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt destacam que a dinâmica de crescimento de receita continua impactada pela fraca performance das lojas físicas frente ao cenário macro desafiador e seu impacto na demanda de bens duráveis, com volume total de vendas em alta de 4%, sendo queda de 18% nas lojas físicas, enquanto o canal online cresceu 17%. “A companhia encerrou o trimestre com um prejuízo líquido de R$ 79 milhões ante previsão de prejuízo de R$ 58 milhões da XP e reportou uma queima de caixa de cerca de R$ 300 milhões”, destacam.

O Bradesco BBI reduziu o preço-alvo da ação de Magazine Luiza de R$ 11 para R$ 9 por considerar os resultados do quarto trimestre “fracos e claramente decepcionantes”.

Para os analistas do Itaú BBA, o Magazine Luiza sofre os efeitos de um cenário macroeconômico adverso e de uma base de comparação difícil, sem perspectivas de melhora no curto prazo.

“Nos últimos dois anos, o Magazine Luiza foi favorecido por um cenário atípico que impulsionou seus números de crescimento e resultados. Agora, com esse cenário normalizado, vemos a empresa sofrendo os impactos de uma base de comparação dura e a necessidade de readequar sua estrutura para um cenário mais normalizado de operação – o que acarretou algumas despesas pontuais durante o quarto trimestre de 2021 que não havíamos contabilizado”, escreveram Thiago Macruz, Helena Villares, Maria Clara Infantozzi, e Felipe Amancio. “Apesar da recente pressão sobre o desempenho das ações, não vemos gatilhos de curto prazo para uma recuperação neste momento”, complementam…Estadao. leia mais em MSN 15/03/2022