A empresa de shopping centers BR Malls deve iniciar mais um ciclo de aquisições, após captar R$ 730 milhões com sua quarta oferta de ações na BM&FBovespa. Com essa nova rodada de crescimento, a empresa poderá antecipar para o ano que vem a meta de alcançar um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 1 bilhão, antes programada para 2013.
“Aquisição é nossa mania de negócio”, afirmou o presidente da empresa, Carlos Medeiros, ao Valor. “Começamos com seis shoppings e hoje temos 41.” Ele lembrou que a companhia fez mais de uma compra por mês desde que abriu capital, em abril de 2007. De lá para cá, foram aplicados R$ 3,8 bilhões em 33 aquisições e em 25 compras de área adicional.
No ano passado, a companhia teve receita líquida de R$ 546,4 milhões, Ebitda de R$ 430 milhões e lucro líquido de R$ 255 milhões. Os recursos captados somam-se aos R$ 725 milhões que já estavam no caixa da empresa em março, para uma dívida bruta de R$ 2,6 bilhões.
Nos próximos meses, a companhia deve anunciar mais dois projetos de construção, provavelmente em São Paulo e em Minas Gerais.

Esse hábito de compras é o que fez com que a BR Malls, em quatro anos, assumisse e sustentasse a liderança no setor, com alguma folga. Quando surgiu, a partir da entrada da GP Investimentos e do magnata americano do ramo imobiliário Sam Zell na Ecisa, a companhia tinha seis shoppings e um Ebitda anual de R$ 50 milhões.

Os analistas do Itaú BBA David Lawant e Vivian Salomon calculam que a BR Malls destinará mais R$ 1,5 bilhão a aquisições em 2011 e 2012, além dos R$ 350 milhões já gastos neste ano. Eles projetam um novo movimento de crescimento para a empresa. Por isso, elevaram o preço-alvo para a empresa de R$ 20,40 para R$ 23,20.

A especialista do Bank of America Merrill Lynch vai na mesma linha. Fanny Oreng elevou sua projeção de gastos com aquisição de R$ 250 milhões por ano em 2011 e 2012 para R$ 750 milhões. A especialista também ampliou o preço-alvo das ações da companhia, de R$ 22 para R$ 25.
Medeiros, que está à frente do negócio desde sua criação a partir da Ecisa, não vê para tão cedo o momento em que a companhia parará de crescer via consolidação. Foi o executivo, sócio da GP, quem viu o espaço que havia no setor para consolidação. E, segundo ele, ainda existem oportunidades dada a elevada pulverização do mercado brasileiro no ramo de shopping centers. Porém, não acredita num movimento de união entre as companhias abertas tão cedo.

Os analistas do Itaú BBA destacam que as seis maiores empresas do ramo, juntas, têm apenas 33% do mercado.
Citando a administração da empresa como fonte, os analistas do Goldman Sachs Leonardo Zambolin e Bianca Cassarino afirmam que a BR Malls tem 75 alvos potenciais para aquisição, de um universo de 412 shoppings no Brasil.
“Fomos a primeira companhia a ver espaço de consolidação e a fazer isso de forma organizada e consistente”, disse Medeiros. Segundo o executivo, a companhia tem um ganho de escala muito significativo com as aquisições, ampliando a eficiência da gestão, com sistemas integrados, e também ocupando rapidamente espaços vagos. “Temos cerca de sete mil clientes. É mais fácil assim.”

Fonte: Valor Econômico 08/06/2011