A Maquira está na boca do povo — literalmente. Uma das maiores empresas de materiais odontológicos do país, a paranaense acaba de abocanhar mais um pedaço do segmento com a compra da Criteria, líder em biomateriais na América Latina. O valor da transação não foi revelado, mas a adquirida deve adicionar cerca de R$ 40 milhões ao faturamento anual do grupo, que deve registrar receita superior a R$ 150 milhões neste ano.

Esta é a quinta aquisição do grupo desde que a Concept entrou como investidora, em 2016. Outras adquiridas incluem a Hemospon, também de biomateriais; MakerTech, de impressão 3D; Dente Forte, de silicones e resinas; e a BM4, marca de clareamento dental. Quando iniciou o projeto de expansão inorgânica e consolidação, o faturamento ainda girava em torno de R$ 15 milhões — hoje dez vezes maior.

“Existe muita oportunidade na área dentária, entre consumo, implante e equipamentos, tem muita ciosa para lançar organicamente, com nosso P&D, enquanto crescemos inorganicamente também. Cabe uma empresa de R$ 1 bilhão na América Latina, tem mercado pra isso”, diz o fundador e CEO da Maquira, Antonio Leme Jr. “Estamos em busca de produtos e canais complementares, além de bons empreendedores para compor o grupo”, emenda Rafael Gonçalez, sócio-fundador da Concept.

Maquira compra Criteria
Pixabay

Por enquanto, a expectativa é que a Maquira chegue a uma receita de R$ 500 milhões dentro de cinco anos. Com a mais recente aquisição, a margem Ebitda também deve melhorar para 35% — a Criteria deve adicionar dois dígitos em pontos percentuais, estimam. Os fundadores da adquirida, os irmãos André e Felipe Braga, se tornam sócios da Maquira com a conclusão do negócio.

Fundada em 2003 em Maringá (PR), a Maquira já exporta para cerca de 80 países no mundo, rede que agora fica à disposição para distribuir também o portfólio da Criteria. Os principais mercados do grupo estão na própria América Latina, mas também no Oriente Médio.

O negócio foi criado por Leme Junior quando ele tinha 18 anos e testemunhava o trabalho do pai como vendedor de produtos odontológicos. Depois de uma oferta de aquisição por um grupo internacional, percebeu um potencial maior para o negócio e iniciou o processo de profissionalização do grupo, que hoje conta com conselho de administração.

O processo foi acelerado pela entrada da Concept. Então à procura de investimentos para a Innova Capital, Gonçalez se deparou com o negócio já gerador de caixa e com potencial de mercado atrativos. O deal não foi para frente, mas o executivo acreditava tanto na operação da paranaense que aproveitou a deixa para sair e montar a própria gestora. A Maquira foi a primeira do portfólio, que hoje conta com a rede de empanadas La Guapa, de chef Paola Carosella, a Forever Liss, de cosméticos, e a e-Auditoria, de software para contabilidade.

Já a Criteria nasceu de uma ideia do pai de André e Felipe Braga. Ainda nos anos 1990, o engenheiro de materiais foi procurado por um cliente, dentista, para estudar a composição de um implante dentário — na época, um produto importado, cobrado em dólar, privilégio das classes mais altas. Adotou como missão pessoal democratizar o produto e conquistou os filhos ao longo do processo. Em 2006, a dupla fundou a Criteria, mas só conseguiu as primeiras licenças apenas em 2010, dado o escrutínio da Anvisa e outros reguladores.

O Brasil, conhecido pela qualidade de seus dentistas e alta demanda dos consumidores, tem um mercado de US$ 1,6 bilhão para produtos odontológicos, segundo dados mais recentes, de 2021. A oferta ainda é dominada por gigantes estrangeiras como Straumann, Henry Schein e DenstPly, mas as empresas brasileiras têm buscado ganhar market share. Ainda maior que a Maquira, a FMG, uma empresa familiar, registra faturamento anual de R$ 200 milhões no segmento de implantes… leia mais em Pipeline 24/01/2024