As 37 marcas da companhia de doces Pan (Produtos Alimentícios Nacionais), entre elas clássicos como o Chocolápis, a Moeda de Chocolate Ao Leite e as balas Paulistinha, foram arrematadas pela empresa Real Solar por R$ 3,1 milhões.

Em uma disputa acirrada que se encerrou nesta segunda-feira (4), o leilão recebeu 25 lances. O resultado agora segue para homologação da Justiça.

A vencedora do certame está localizada em Goianinha (RN) e se sobressaiu a diversas outras companhias que participavam da disputa. Por questões legais, os nomes dos demais participantes não foram revelados.

O leilão foi definido em sua terceira e última fase. Nas outras duas anteriores, não foi feito nenhum lance. Segundo o leiloeiro oficial, Erick Teles, a terceira fase de um certame pode representar uma estratégia do mercado, inclusive com a possibilidade de haver um aumento na disputa pelas marcas, como ocorreu desta vez.

choMarcas da Chocolates Pan são arrematadas por R$ 3.1 milhõescolates Pan
chocolates Pan

Na primeira fase havia 12 empresas interessadas, sendo dez delas do segmento alimentício. Na segunda fase, havia sete habilitadas.

“O leilão foi um processo muito disputado e transparente, que atraiu o interesse de vários licitantes. A empresa vencedora terá a chance de explorar o enorme potencial dessa marca tão tradicional e querida pelos brasileiros. Agora o resultado depende de aprovação do juiz”, diz Teles.

Com o certame, chega ao fim o processo de leilões de bens e das marcas que compõem a massa falida da Chocolates Pan, como é conhecida a empresa.

Na primeira etapa dos certames da massa falida da Pan, realizados pela Positivo Leilões, houve o leilão de veículos, equipamentos e do próprio prédio e terreno onde estavam a fábrica da empresa. Esse dinheiro arrecadado deverá quitar todos os débitos com os funcionários. Na época da falência, a companhia tinha 52 empregados.

Em outubro do ano passado, a Cacau Show arrematou o prédio e o terreno da fábrica da Pan, em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, por R$ 70 milhões.

O administrador judicial da falência da Pan, Fábio Rodrigues Garcia, da ARJ Administração e Consultoria Empresarial, diz esperar que até março todas as dívidas trabalhistas estejam quitadas. Segundo ele, o leilão das marcas foi um passo importante para todo o processo de falência da empresa.

“O valor arrecadado vai ajudar a quitar parte das dívidas com os credores, especialmente vamos conseguir quitar todos os débitos com os funcionários. Além disso, o leilão vai possibilitar que a marca Pan retorne ao mercado, com uma nova gestão, uma nova proposta, gerando mais emprego e renda”, diz.

Avaliada em R$ 27,7 milhões, a marca Pan pode chegar a um faturamento anual de R$ 51 milhões em cinco anos, segundo relatório aprovado pela Justiça. A Pan é considerada madura e consolidada e, por isso, segundo o laudo, poderia gerar royalties de licenciamento.

Fundada em 1935, companhia viveu seus tempos áureos entre as décadas de 1940 e 1990, e fez sucesso entre crianças e adolescentes com os famosos cigarrinhos de chocolate, cuja embalagem trazia a imagem do garoto Paulo Pompeia, à época com nove anos.

Posteriormente, contudo, em meio a uma mudança de conscientização sobre a imagem de uma criança com o cigarro entre os dedos, o chocolate se transformou em lápis, vendidos em pacotes coloridos dentro de uma caixinha que se assemelhava às embalagens de lápis de cor.

Em 2020, a fábrica Pan entrou com pedido de recuperação judicial, após arrastar por uma década problemas de endividamento, que pioraram durante a pandemia de Covid-19.

Com dívidas acumuladas no valor de R$ 260 milhões, sendo R$ 12,3 milhões de pendências trabalhistas, a empresa então apresentou pedido de autofalência, que foi aceito pela Justiça dias depois.

Além de ser lembrada com carinho pelos brasileiros, a história da Chocolates Pan tem … leia mais em O Tempo 04/03/2024