Méliuz, Enjoei, Neogrid, Intelbras, Mosaico, Mobly, Westwing e Bemobi são empresas de tecnologia que seguiram os passos da Locaweb e abriram o capital na B3. A próxima a entrar nessa fila é a Dotz. Saiba o que está por trás desse movimento

Ofertas iniciais de Ações na B3

As ações da Mosaico, dona do Buscapé, Zoom e Bondfaro, subiram 97% no primeiro dia de negociação na B3

Em 6 de fevereiro de 2020, a Locaweb começou a negociar suas ações na B3, em uma abertura de capital na qual captou R$ 1,3 bilhão. Com o IPO, a companhia que surgiu como um serviço de hospedagem na internet e evoluiu para o modelo de computação em nuvem e de sistemas de e-commerce passou a figurar ao lado de Totvs, Linx e Sinqia, três empresas que faziam parte do minguado setor de tecnologia da bolsa brasileira.

Um ano depois, a Locaweb voltou à B3 para uma nova captação (follow on), em que conseguiu levantar R$ 2,750 bilhões, mais do que o dobro de 2020. Com suas ações valorizando-se quase 600% desde a abertura de capital, a empresa foi o abre-alas para uma série de companhias que estão por trás de uma onda de IPOs de tech na bolsa brasileira.

Até agora, oito empresas de tecnologia tocaram o sino do pregão da B3. No ano passado, o site de cashback e cupons de descontos Méliuz, o brechó online Enjoei e a empresa de big data Neogrid se tornaram públicas entre novembro e dezembro.

Neste ano, a fila cresceu ainda mais com a chegada da fabricante de equipamentos de segurança e comunicação Intelbras, da Mosaico (donas dos sites Buscapé, Zoom e Bondfaro), do e-commerce de móveis Mobly, do site de decoração Westwing e da desenvolvedora de aplicativos Bemobi.
Desde novembro do ano passado, essas aberturas de capital, incluído o follow on da Locaweb, levantaram mais de R$ 10,5 bilhões em ofertas primárias e secundárias de ações. Mas isso pode ser apenas o começo de uma onda tech na bolsa brasileira, acreditam três fontes com as quais o NeoFeed conversou.

A fila de IPO de empresas de tecnologia deve crescer ainda mais nos próximos meses. De acordo com pessoas a par do assunto, há pelo menos seis empresas se preparando para abrir o capital de setores como software, e-commerce, marketplace, adtechs e educação.

O próximo a divulgar seus planos deve ser a Dotz, um programa de fidelidade que está apostando em uma carteira digital, apurou o NeoFeed. Nos próximos dias, a companhia comandada por Roberto Chade deve protocolar seu pedido de IPO na B3. Procurada, a empresa não quis se pronunciar.
A estimativa é concluir o processo de abertura de capital entre o fim de março e o começo de abril. Conversas preliminares com possíveis investidores já foram realizadas, o que dá confiança para a operação.

A Dotz surgiu nos anos 2000 como um programa de fidelidade com foco no varejo, ao contrário de Smiles e da antiga Multiplus, ligadas às companhias aéreas Gol e TAM, respectivamente.

Atualmente, a Dotz conta com 46 milhões de pessoas cadastradas e está presente em 13 regiões metropolitanas do Brasil. A empresa converte os dotz, nome de sua moeda digital, em reais, que podem ser usados na conta digital.

Há pelo menos seis empresas se preparando para abrir o capital de setores como software, e-commerce, marketplace, adtechs e educação
O que explica essa onda tech? O que mudou para que de uma hora para outra os investidores, antes céticos com as empresas de tecnologia, começassem a olhar para essa classe de ativos?

“Agora todo mundo entende o poder da tecnologia”, diz um investidor que há tempos aposta em startups. “Com a pandemia, as empresas tiveram que se digitalizar e os investidores foram olhar para a bolsa brasileira e viram que não tinham papéis de tech para comprar.”

Não se trata de um movimento que surgiu da noite para o dia. Há os fatores macroeconômicos óbvios, como os juros baixos (que aumentou o interesse pela renda variável) e a pandemia (que acelerou a digitalização e elevou o protagonismo das vendas online). Isso gerou um enorme apetite por ativos de alto crescimento e de tecnologia.

A B3 também se movimentou. De um lado, passou a se relacionar com fundos de venture capital, em uma forma de prospectar as startups que poderiam se tornar públicas. De outro, facilitou a listagem de empresas médias, com faturamentos menores.

Mas esses fatores por si só não bastam para explicar o interesse dos investidores institucionais pelos ativos de tecnologia na bolsa brasileira. Há também o movimento de alguns fundos locais que passaram a se posicionar em empresas de tecnologia antes de elas irem à bolsa.

Aqui não se trata dos tradicionais investidores de venture capital que passaram a considerar a bolsa brasileira como uma saída para seus investimentos – Méliuz e Enjoei, por exemplo, tinham a tradicional gestora brasileira de venture capital Monashees em sua base de acionista.

Neste caso, são fundos que atuam em renda variável, mas que agora estão comprando participações em empresas antes de elas realizarem o IPO. É o exemplo da Constellation, de Florian Bartunek, que é um dos investidores da empresa brasileira de comércio eletrônico VTEX. Ou mesmo da Gávea, do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que também investiu na VTEX. A Velt Partners, por exemplo, tem fatias da empresa de logística Loggi e na operação de e-commerce MadeiraMadeira. A Dynamo, por sua vez, estava no Enjoei. … Leia mais em neofeed 17/02/2021