O ano de 2021 começou com boas perspectivas no mercado financeiro. Muitas companhias tinham em seus radares a realização de IPOs para serem executados ao longo do ano. Porém, à medida que o tempo avançava, as ofertas iniciais foram sendo postergadas, enquanto outras foram suspensas para este ano e só devem ser realizadas no ano que vem.

Em março não foram realizadas ofertas. Neste mês, seis empresas cancelaram sua abertura de capital. Este movimento teve continuidade em abril. Ao longo de 2021, até outubro, o ano já tem 40 cancelamentos, contra os 25 observados em todo o ano de 2020.

Aline Cardoso, gestora de renda variável da EQI Asset, explicou que o fator preponderante para as desistências verificadas no ano foram as condições adversas do mercado. Algumas companhias até testaram o valuation. Porém, o mercado as considerou caras.

Portanto, estas decidiram aguardar um momento mais favorável para seus IPOs. Desta forma, conseguem um preço de mercado mais de acordo com as suas expectativas.

Por outro lado, Cardoso afirmou que anos de eleições são tradicionalmente fracos em se tratando de abertura de capital. Pegando os últimos anos eleitorais, em 2010 foram realizadas 23 aberturas; em 2014, foram feitas apenas duas; e em 2018, foram executadas cinco.

Em geral, as empresas decidem abrir capital quando o mercado está ‘bombando’. Assim, conseguem ter um valuation mais alto na hora de precificar as empresas”, explicou ela.

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Entre as companhias que desistiram de abrir capital este ano estão Madero e Havan. A rede lojista do empresário Luciano Hang, por exemplo, pretendia levantar R$ 100 bilhões na B3 (B3SA3). Porém, o valor que viabilizaria a operação ficaria mais baixo do que se pretendia.

Quando uma empresa coloca parte de suas ações à venda na bolsa de valores tem como objetivo captar recursos a um custo mais barato do que um financiamento bancário, por exemplo.

Esse evento marca a primeira venda de ações de uma empresa, podendo movimentar milhões ou até bilhões em um só dia.

Com mais dinheiro em caixa, a empresa pode ampliar fábricas, expandir operações, comprar concorrentes ou até mesmo pagar dívidas.

No entanto, com IPO, as companhias precisam atender a uma série de regras de transparência e prestação de contas ao mercado e aos órgãos reguladores.

Entre as vantagens, a principal à empresa é a obtenção de dinheiro sem precisar pagar juros.

Por outro lado, ela terá que dividir parte de seus lucros com os novos sócios.

Entrar em uma oferta inicial exige estudo. Por isso, é preciso estudar muito antes de se tomar uma decisão.

Muitos casos de insucessos resultaram em pesadas perdas para os investidores. Parte pela conjuntura adversa e uma parcela atribuída ao setor de atuação e à gestão das empresas.

Cases de sucesso

Entre as empresas que abriram capital este ano, está a Raízan (RAIZ4). A operação da companhia de combustíveis, subsidiária da Cosan (CSAN3) e da Shell, foi, entre todos os IPOs, o mais elevado deste ano.

A companhia movimentou, em 4 de agosto, o montante de R$ 6,9 bilhões. Apesar da estreia com valor elevado, as ações pouco cresceram. Porém, relatório do BTG Pactual (BPAC11) considerou que apesar disso, ainda há muito espaço para crescimento.

“A combinação de ativos de duas empresas culturalmente muito diferentes deu origem a uma das joint ventures de maior sucesso da história”, afirmam os analistas Thiago Duarte, Bruno Lima, Pedro Soares e Henrique Brustolin, do BTG Pactual em relatório.

Além da Raízen, outra empresa que estreou com bons números foi a Getnet (GETT11), operadora de maquininhas de cartões ligadas ao Banco Santander (SANB11).

Logo em seu dia de estreia, em 18 de outubro, as ações fecharam disparados. GETT3 fechou com alta de 147,23%, valendo R$ 5,50.

Já GETT4 fechou com alta de 97,03%, a R$ 5. E, por fim, GETT11 encerrou o dia com alta de 65,27%, a R$ 7,80. Por Matheus Gagliano Leia mais em euqueronvestir 24/10/2021