A administradora de consórcios Ademicon tem conversado com bancos nas últimas semanas para um potencial sindicato de IPO, apurou o Pipeline. A proposta dos bancos é tentar a listagem na B3 no início de 2023, aproveitando a sequência de forte crescimento da companhia.

Comandada por Tatiana Schuchovsky – a CEO que é descrita no mercado como uma “máquina” de eficiência e expansão, e uma apaixonada por consórcios -, a Ademicon tem crescido em uma média de 45% ao ano. A companhia deve fechar o ano com lucro de quase R$ 180 milhões.

A estimativa de dois bancos bancos é que, em bolsa, a empresa seria negociada a múltiplos de seguradora – na casa de 10 a 15x lucro. Isso daria à Ademicon um valuation potencial entre R$ 1,8 bilhão e R$ 2,7 bilhão. Mas há outras instituições que avaliam que gestoras e plataformas como XP Investimentos, Vinci ou Pátria são um comparativo mais “justo” para o modelo de negócio – uma vez que a receita é o fluxo de taxas, num perfil de serviços, e não de balanço pesado como seguradora. Nessa ótica, o múltiplo vai à faixa de 20 a 25x, num valuation de R$ 3,2 bilhões a 4,5 bilhões.

O IPO do consórcio

Procurada pelo Pipeline, Tatiana afirmou que ainda não há decisão tomada sobre um IPO ou sindicato contratado, e que os caminhos estratégicos ainda estão sendo definidos. “Há conversas com os bancos, mas está cedo para dizer se vamos ou não seguir esse caminho”, disse.

A empresa tinha como meta vender R$ 10 bilhões em carta de crédito este ano e deve bater R$ 12 bilhões, segundo a empresária, e projeção de R$ 15 bilhões no ano que vem. “A gente não tem pressa porque não tem necessidade de caixa. Nosso fluxo é de 20 anos. Quanto mais a gente cresce, melhor esse fluxo futuro das taxas a receber e consequentemente o valor da companhia, então pode fazer sentido esperar mais”, explica.

A empresa tem origem na Ademilar, fundada pelo pai de Tatiana, Raul Schuchovsky, hoje presidente do conselho da Ademicon. Em 2020, a Ademilar se fundiu à Conseg e passou por um rebranding, incluindo forte investimento em marketing. O private equity Treecorp, que era sócio da Conseg, entrou no cap table da Ademicon como minoritário.

Assim como as seguradoras, o negócio de consórcios tem ROE alto. Se por um lado cresce muito e é forte geradora da caixa, alguns bancos veem um potencial desafio na operação dado o setor de atuação, historicamente estigmatizado no mercado financeiro quando tratado como investimento, ainda que com avanços recentes no conceito de venda e na melhora dos índices de satisfação do consumidor.

A Ademicon é hoje a maior administradora independente de consórcio do Brasil em créditos ativos, com quase R$ 50 bilhões, e opera também com o modelo de “Consortium as a Service”. “Nosso modelo é diferente porque distribuímos os consórcios em lojas, com licenciamento de marca”, explica … leia mais em Pipeline 14/10/2022