Os 7 pontos fracos dos bancões brasileiros que a XP vai atacar, após o IPO
Sem trégua: XP já mapeou as fragilidades dos grandes bancos do país
Entre as 354 páginas de documentos entregues pela XP Inc. às autoridades americanas para realizar sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), estão análises detalhadas dos principais pontos fracos dos grandes bancos brasileiros, apontados como concorrentes diretos pela controladora da XP Investimentos.
São essas brechas que a XP pretende atacar, usando, como munição, a montanha de dinheiro que pretende captar com a emissão de ações na Nasdaq, a bolsa eletrônica dos Estados Unidos.
Entre as instituições citadas nominalmente como rivais na papelada entregue pela XP, estão os cinco maiores bancos brasileiros: Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander.
A XP também lista concorrentes de menor porte, que disputam mercado em determinados segmentos, como Guide Investimentos, Modalmais, Genial Investimentos, Easyinvest, Nova Futura, Inter DTVM e BTG Digital.
No prospecto da oferta, a XP lista sete problemas estruturais dos bancos brasileiros, que, na sua avaliação, “criam ineficiências de mercado e oportunidades para disrupturas”. Ou, bem bom português, os vacilos dos bancões tradicionais que serão explorados pela companhia após seu IPO. Veja quais são.
1. Elevada concentração de mercado: a XP cita um relatório publicado neste ano pela consultoria Olyver Wyman, que atualiza o que o mercado já está careca de saber – os cinco maiores bancos do país (Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Caixa e Banco do Brasil) concentram brutalmente o mercado.
Apenas para citar um exemplo, a XP lembra que, dos R$ 8,6 trilhões em ativos sob gestão de instituições financeiras, 93% estão nas mãos desse grupo.
“Acreditamos que essa concentração cria ineficiências concretas no mercado, que proporcionam oportunidades significativas de disruptura, desintermediação e novos modelos de negócio”, afirma a XP, nos documentos entregues à SEC (o equivalente americano à CVM).
2. Estruturas pesadas, burocráticas e focadas em ativos: outra fragilidade dos bancos tradicionais, segundo a XP, é a sua pesada infraestrutura, com grandes redes de agências físicas, centenas de milhares de funcionários, processos burocratizados e plataformas tecnológicas ultrapassadas e segregadas.
Para a XP, todo esse peso leva os grandes bancos a perder tempo e energia administrando operações internas, empurrar produtos próprios para os clientes, em vez de opções melhores, e preservar seu próprio status quo.
3. Leque limitado de produtos financeiros: a concentração de mercado tira, dos clientes, a chance de escolher mais e melhores produtos e serviços. Segundo a XP, as plataformas dos bancões operam em “looping”, deixando o cliente refém de produtos desenvolvidos pelas próprias instituições, o que eleva as taxas e reduz a rentabilidade.
4. Promoção de produtos financeiros ineficientes: novamente, a concentração bancária leva os líderes de mercado a divulgarem produtos e serviços pouco atraentes, de acordo com a XP, como os CDBs e a poupança. “Acreditamos que a oferta contínua desses produtos não atende aos melhores interesses dos investidores, mas eles continuam gerando elevadas taxas aos bancos tradicionais”, diz o documento.
5. Altos custos e spreads: a XP atribui esses problemas a três fatores. O primeiro a grande restrição das plataformas dos bancos, que oferecem poucos produtos financeiros aos clientes, sobretudo os criados pelos próprios bancos. O segundo é a ênfase em produtos que oferecem pouca rentabilidade, como a poupança. O último é a pesada infraestrutura dos bancos, o que eleva seus custos.
6. Pobre prestação de serviços aos clientes: a pouca competição entre os grandes bancos acarreta, segundo a XP, má qualidade no atendimento aos consumidores. Com isso, os bancos tradicionais não conseguem focar nas necessidades diárias dos clientes, lhes proporcionar uma experiência completa e busca novas formas de adicionar valor ao negócio.
7. Baixa penetração do mercado de dívidas: para a XP, o mercado brasileiro de dívidas é pouco desenvolvido, quando comparado com o de lugares como a Europa e os Estados Unidos. A implicação é a baixa emissão de produtos de renda fixa baseados em títulos privados.
Segundo a XP, os grandes bancos se aproveitam da concentração do mercado de crédito para induzir os clientes a comprarem produtos vendidos pelas suas próprias gestoras. “Acreditamos que isso limita o total de crédito disponível no mercado e alimenta um ambiente de altos custos, devido à competição restrita”, afirma a instituição em seu prospecto… Leia mais em moneytimes 18/11/2019
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