O fundo de private equity Pátria, ex-acionista da Dasa, está avançando a passos largos na consolidação de sua empresa de medicina diagnóstica – batizada como Alliar. Criada há apenas seis meses, a empresa já adquiriu quatro laboratórios de exames de imagem e seu faturamento é de cerca de R$ 200 milhões. A meta da gestora de recursos é dar continuidade à estratégia de aquisições até que a empresa alcance porte para fazer um IPO (oferta inicial de ações) e concorrer com Dasa e Fleury, segundo o Valor apurou.
O Pátria está montando uma rede focada, principalmente, na área de exames de imagem, que proporcionam maior rentabilidade, mas não está totalmente descartada a compra de laboratórios de análises clínicas.

A Alliar comprou as empresas de medicina diagnóstica Axial, que tem 10 unidades em Belo Horizonte, a Plani que é dona de sete unidades laboratorias em São José dos Campos e Jacareí, no interior de São Paulo, além de outras duas empresas de medicina diagnóstica localizadas em Campo Grande (MS) e em Juiz de Fora (MG). A estratégia inicial da Alliar é atuar em praças em que Dasa e Fleury ainda não têm forte presença. Procurado pelo Valor, o Pátria informou que não comenta sua política de investimentos.
Ainda dentro do projeto de consolidação, o Pátria está montando uma equipe de executivos para a Alliar. Entre os nomes já fechados está o de Rodrigo Abdo, que durante oito anos trabalhou no Fleury, e na nova empresa do fundo será diretor de expansão. Procurado pela reportagem, Abdo informou que não poderia se pronunciar sobre o assunto.
O principal executivo da Alliar é Daniel Sorrentino, um dos sócios do Pátria. Ele tem ao seu lado, como conselheiros, Marco DIppolito e Ricardo Scavazza, também sócios da gestora de recursos. Scavazza é diretor vice-presidente financeiro da Anhanguera Educacional, e DIppolito, conselheiro da empresa de segurança Zatix – companhias em que o Pátria é acionista.
Mas o principal entusiasta da área de medicina diagnóstica é Alexandre Saigh, sócio do Pátria e que presidiu o conselho da Dasa até 2009, participando ativamente do processo do IPO.

O mercado nacional de medicina diagnóstica movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano e conta com 8 mil empresas, que juntas possuem 19 mil unidades laboratórios. “A maioria das empresas de medicina diagnóstica tem em média duas unidades. O mercado nacional é extremamente pulverizado mesmo com as consolidações puxadas por Dasa e Fleury”, disse Gustavo Campana, sócio da Formato Clínico, consultoria especializada do setor.
As últimas grandes movimentações foram feitas por esses dois grupos. A Dasa, maior empresa de medicina diagnóstica, já fez 16 aquisições desde 2005, sendo que uma das transações mais importantes foi a associação com a rede carioca MD1, do empresário Edson Bueno, realizada em agosto. Com essa operação, a Dasa se tornou uma empresa com faturamento de R$ 2,1 bilhões.
Três meses depois, o Fleury contra-atacou, adquirindo a também carioca Labs, que pertencia à Rede DOr, por R$ 1 bilhão. A receita líquida combinada ultrapassa a casa de R$ 1,2 bilhão.
Fonte: Valor Econômico 03/06/2011