Após aquisição de concessionária da Invepar, gestora de private equity afirma que mantém fôlego para os leilões previstos para os próximos anos.

Passados quase dois anos desde sua estreia em concessões de rodovias, o Pátria Investimentos faz novos avanços no setor e vê com otimismo os leilões programados para os próximos três anos, afirma Felipe Pinto, sócio da área de Infraestrutura da gestora de private equity.

Na semana passada, o grupo anunciou a aquisição da Cart (Concessionária Auto Raposo Tavares), atualmente operada pela Invepar. Este será o segundo contrato rodoviário no portfólio do Pátria, que desde meados de 2017 administra 570 quilômetros de estradas no centro-oeste paulista, por meio da concessionária Entrevias.

A nova compra, da Cart, ainda terá que passar pela aprovação de órgãos reguladores e dos credores da concessionária, processo que poderá levar de três a seis meses. O valor da operação ainda não foi informado.

“É uma boa oportunidade, é um ativo que ainda tem 20 anos de concessão, já bastante consolidado, com boa parte dos investimentos já feito. Além disso, a empresa é regulada por uma agência que já conhecemos [a Agência de Transporte do Estado de São Paulo, também responsável pela Entrevias]”, disse o executivo ao Valor.

Hoje, a concessionária da Raposo Tavares tem um alto nível de endividamento e apresenta resultados negativos à sua controladora Invepar – grupo que, por sua vez, também passa por situação financeira difícil.

Com a injeção de recursos da gestora, a expectativa é reverter a situação. “A oportunidade aqui é reequilibrar a estrutura de capital da companhia. Com isso, é um negócio muito saudável. Além disso, temos uma visão positiva para a retomada da economia do país nos próximos anos”, afirma. Uma vez assumido o contrato, o Pátria prevê investir R$ 500 milhões nos quatro primeiros anos.

A aquisição da Cart neste momento não reduzirá o fôlego da gestora para novas oportunidades, que serão variadas nos próximos anos, diz Pinto.

“Temos visto uma retomada dos leilões de rodovias e hoje há um conjunto de oportunidades para os próximos três anos bastante ambicioso. É interessante, porque quando há visibilidade dos projetos, é possível planejar. É fundamental para investidores de infraestrutura”, afirmou.

A lista de projetos rodoviários no país será extensa. No âmbito federal, ao menos sete leilões estão programados só em 2020. Nos governos estaduais, há também uma série de pacotes de licitações de estradas em estudo – além de São Paulo, onde o grupo tem suas duas concessões, Estados como Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul estão estruturando editais.

A atuação do Pátria deverá ser direcionada às regiões onde houver maior segurança para fazer investimentos, diz ele. “O grupo tende a privilegiar projetos em locais com uma agência estabelecida e com bom histórico regulatório. É nossa preferência.”

Embora a atuação do grupo hoje seja restrita ao Estado de São Paulo, a percepção em relação aos projetos federais é positiva.

O grupo chegou a participar do leilão da Rodovia de Integração do Sul (RIS), no fim de 2018, mas acabou perdendo o ativo, por uma diferença pequena em relação à oferta vencedora do grupo CCR.

“Vemos com bons olhos as mudanças regulatórias que têm sido feitas desde o governo Temer e que tiveram continuidade nesta gestão do Ministério de Infraestrutura. Estamos confortáveis com o ambiente regulatório federal. Há medidas para afastar aventureiros e selecionar empresas sérias, com experiência.”

Questionado sobre a participação do grupo no leilão do corredor Piracicaba-Panorama, marcado para o início de janeiro pelo governo paulista, o executivo não respondeu.

Desde a descoberta dos escândalos da Lava Jato – que praticamente tiraram as construtoras tradicionais do ramo de concessões rodoviárias – o Pátria foi o único grupo, até agora, que emergiu como “cara nova” no setor, que acabou se concentrando ainda mais entre grupos tradicionais como CCR, Ecorodovias e Arteris.

No entanto, a vinda de novos entrantes ao mercado “é um caminho sem volta”, avalia Pinto.

Para ele, o mercado verá, nos próximos anos, dois movimentos. Primeiro, o desenvolvimento das companhias que já atuam no setor, “impulsionadas pela pujança do mercado de capitais”, diz ele. “O segundo, que vejo como algo inevitável, é que novos ‘players’ se interessem pelo setor, conforme o Brasil retome sua atividade econômica e reforce seu modelo regulatório. É algo positivo para o país.”

Ele cita como exemplo o caso da recente entrada da Global Logistic Properties (GLP), que no início do mês venceu um leilão para operar uma rodovia no Mato Grosso do Sul, em parceria com construtoras locais.

A atuação do Pátria em infraestrutura não é novidade. A gestora tem um histórico de investimentos robustos em energia elétrica – entre os ativos criados pela gestora e depois vendidos a terceiros estão a CPFL Renováveis e, recentemente, a Argo. O grupo também chegou a participar recentemente de leilões de aeroportos e até mesmo avaliou uma aquisição da concessionária problemática de Viracopos, o que acabou não tendo sucesso. Fonte:Valor Econômico Online Leia mais em portal.newsnet 23/12/2019