Com a busca dos investidores por novos produtos de investimento, reflexo claro do juro baixo, as casas de análise se mostram uma boa alternativa para quem quiser informações isentas e detalhadas para tomar decisões. Com um leque gigante e crescente de opções de investimento no mercado, qualquer filtro que facilite o trabalho de escolha é sempre bem-vindo. Mas a penetração de assinaturas de relatórios de análises no Brasil ainda há muito a caminhar, especialmente entre os investidores pequenos, pessoas físicas. Ora o preço não é tão acessível. Ora é a sensação de que estão pagando por muito mais do que precisariam. Ou até por acreditarem que os produtos são rasos demais para seu perfil – ou complicados, em outros casos – acabam desistindo do serviço.

Foi com esse pano de fundo, 30 anos de experiência na área de gestão de ativos e vontade de fazer algo mais pró-cliente que Pedro Cerize, gestor de investimentos e sócio da Skopos Investimentos, decidiu retornar à Inversa, mas na condição de sócio, junto a seu irmão, Marcelo Cerize.

A Inversa é uma casa de análise e produtora de conteúdo sobre investimentos que atualmente tem 40 mil clientes e faturou nos últimos três anos R$ 70 milhões. Os irmãos Cerize já tinham uma pequena participação na empresa, junto com a Acta Holding (dona da Empiricus, também casa de análise com 365 mil assinantes e faturamento de R$ 250 milhões) e com a empresa americana de publicação de conteúdo de investimentos The Agora Firms, que está presente em mais de 10 países, tem mais de 4,5 milhões de assinantes e receita anual superior a US$ 1 bilhão. Porém, em 2018, a dupla se desfez do percentual e Pedro, que tinha uma participação mais ativa na Inversa, acabou focando em outros negócios.

Com a fusão da Empiricus com a gestora Vitreo, anunciada em outubro do ano passado, a Acta decidiu vender sua participação na Inversa, momento em que a volta dos irmãos foi orquestrada.

“No fim do ano passado tomei a decisão de mudar a estratégia de gestão da Skopos para quantitativo e devolvemos o dinheiro dos cotistas porque não seria justo fazer experiência com dinheiro dos clientes. Nesta hora surgiu a proposta da Olívia [Alonso, CEO e sócia-fundadora da Inversa] para fazer o investimento na Inversa”, conta ao Valor Investe Pedro Cerize.
A volta dos irmãos Cerize à sociedade marca também uma nova fase da empresa, que deverá focar mais do que antes no cliente tanto para desenvolver seus relatórios – os produtos – quanto distribuí-los e vendê-los ao cliente.

“Aceitei por acreditar que estamos no começo de um processo de desintermediação entre cliente closing e o produto, especialmente porque diminui custos. Essa pressão de desintermediação tanto da informação quanto da alocação direta dos recursos só está começando. Queremos ser referência nesse mercado”, diz Pedro, que agora passa a ter 50% de participação na empresa junto com o irmão.

É na atração de investidores pessoas físicas que estão concentrados os esforços do time. A primeira meta que Pedro estabeleceu como novo sócio é ter 100% de satisfação dos clientes, seja no indicador chamado de NPS (Web Promoter Rating), no Reclame Aqui e em comentários nas redes.

“Em poucos meses já melhoramos nossa nota no Reclame Aqui de 7,6 para 8,5, apenas com medidas simples como a facilitação do cancelamento do produto, que é sempre um processo desgastante para o cliente. Nós não só estabelecemos o cancelamento imediato quando o cliente quer, como também damos um ‘free trial’ [tempo grátis] de outro produto para ele conhecer”, explica Marcelo Cerize, quem vai liderar a empresa ao lado de Olivia Alonso, sócia-fundadora e atual CEO.

Olivia deverá se concentrar na área de conteúdo, em melhoria da qualidade dos produtos junto a equipe de redatores e analistas de investimentos, enquanto Marcelo cuidará da estratégia de distribuição, vendas e financeiro. Das quatro cadeiras no conselho, duas são ocupadas pelos irmãos e duas por representantes da The Agora.

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Em termos de produto, Pedro e Marcelo são críticos em relação ao que o mercado de análise de investimento oferece. Acreditam que a maior parte dos relatórios é ou rasa, sem muitas informações e profundidade, ou muito técnica e difícil de entender. “Não quero vender o que nós, como investidores experientes, não consumiríamos”, aponta Marcelo.

Sugerem, então, seguir uma linha mais explicativa, mais detalhada e mais profunda, ainda que não seja o conteúdo mais fácil de vender aos investidores que acabam sendo mais atraídos por promessas milagrosas, chamadas sensacionalistas, e conteúdos mais fáceis de digerir, ainda que menos completos.

“Vamos dar liberdade para a equipe de análise e conteúdo de produzir o que eles sentem orgulho. Só publicar o que acham bacana”, comenta Pedro, ao se referir à área que Olívia vai se dedicar mais agora.

Além da satisfação do cliente com o produto, outro foco é a experiência dele na hora de adquirir ou consumir os materiais. Para criar uma nova plataforma mais moderna e fácil de acessar e usar, foram já 10 contratações na área de tecnologia (com possíveis outras este ano). O objetivo é trazer a melhor experiência tecnológica para o cliente… Leia mais em creditonobrasil 05/02/2021