A Mosaico — dona de sites de conteúdo e originação de vendas como Zoom, Buscapé e Bondfaro — abriu com alta de mais de 70% em seu primeiro dia de negociação na B3, coroando um IPO que precificou a empresa no topo da faixa indicativa e submeteu até os investidores institucionais ao rateio geralmente reservado às pessoas físicas.

Com a disparada da Mosaico — a maior alta numa estreia na história da B3 — a tendência de IPOs de tecnologia que performam maravilhosamente bem na Bolsa brasileira está confirmada. “É tech? Vai vender caro — e ficar mais caro ainda.”

Mosaico

As últimas empresas de tecnologia a ser listadas — Méliuz, Enjoei e Neogrid — viram suas ações decolar desde então, com altas de 250%, 130% e 87% desde o IPO.

A Mosaico levantou R$ 1,2 bilhão numa oferta que teve demanda institucional de mais de 20 vezes o book, excluindo os âncoras.

Só no varejo, a demanda ultrapassou R$ 10 bilhões — a maior do varejo num IPO — com 18 mil pessoas físicas colocando ordens.

Cerca de 40% do book veio de investidores internacionais.

A empresa saiu no topo da faixa que ia de R$ 15,4 a R$ 19,8, avaliada em R$ 2,5 bilhão (post money), e saindo a um múltiplo EV/sales de 6,5x.

As gestoras Constellation, Equitas e JGP ancoraram a oferta.

Nos IPOs da Nasdaq, os bancos coordenadores tipicamente ajustam a demanda cavalar ou aumentando o preço e extrapolando a faixa indicativa inicial — coisa que a empresa não quis fazer — ou alocando nada para um número significativo de contas.

No final, os bancos da Mosaico tentaram alocar a maior quantidade possível, mas algumas contas tiveram que ser zeradas, algo inédito no Brasil. As 160 contas institucionais que participaram da oferta receberam apenas 5% do que pediram.

Segundo gestores que participaram da oferta, um ponto que ajudou na precificação foi o anúncio pela Mosaico de que vai entrar no negócio de cashback, que rendeu à Méliuz um valuation de R$ 4,3 bi na Bolsa.

A Mosaico fez um acordo operacional com o BTG Pactual para os próximos cinco anos pelo qual vai oferecer cashback aos usuários de seus sites por meio de uma carteira digital e conta operadas pelo BTG, num modelo de co-branding.

O BTG também vai oferecer serviços financeiros e bancários para os usuários dos sites da Mosaico e desenvolver um marketplace para vender produtos dentro do app de conta  … Pedro Arbex e Geraldo Samor Leia mais em braziljournal 05/02/2021