A iniciativa “Observatório 2030”, da Rede Brasil do Pacto Global da ON , tem disponibilizado dados e evidências que fortalecem os compromissos empresariais rumo aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). Em junho, a iniciativa publicou o “Estudo Ambição pelos ODS”, avaliando o engajamento do setor privado com os ODS.

Na pesquisa, 64 empresas de vários setores foram perguntadas sobre a importância dos ODS. Os três mais citados foram: ODS 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico); ODS 12 (Consumo e Produção Responsável); e ODS 5 (Igualdade de Gênero).

Já os temas menos priorizados, segundo o levantamento, foram: ODS 14 (Vida na Água); ODS 2 (Fome Zero e Agricultura Sustentável); ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis); ODS 10 (Redução das Desigualdades); e ODS 1 (Erradicação da Pobreza).


Vale destacar, aqui, como é feita a priorização nas empresas. A maioria usa uma “matriz de materialidade” que prioriza temas de acordo com a relevância para o negócio (reduzir custos, aumentar receitas e gerenciar riscos) e a relevância para stakeholders que são importantes para a empresa. Ensinei a importância dessa ferramenta para milhares de executivos nos meus cursos na Fundação Dom Cabral porque, afinal, a sustentabilidade precisa ser relevante para o negócio, não é?

A pesquisa me fez refletir: estamos priorizando as coisas certas? Dá para confiar que as empresas vão priorizar temas importantes como desigualdade e fome, que vemos hoje no Brasil em todos os cantos? Isso é importante para o negócio? São temas importantes para os clientes das empresas? Bancos vão emitir um Sustainability-Related Bond frente ao Fome Zero?

Não tenho as respostas, mas acredito que vale a reflexão. E se as empresas não vão resolver esses desafios, quem vai? Acredito que vamos precisar de um envolvimento mais sério do governo. Recomendo olhar para essas questões antes das eleições… saiba mais em Época Negócios 08/08/2022