O mercado de precatórios anda mais retraído, mas a gestora Radix tem encontrado oportunidades para aumentar seus cheques. Especializada em ativos judiciais, a firma paulista fechou a compra de R$ 400 milhões em precatórios da Copersucar. O montante, referente ao valor de face, foi comprado de bondholders que ficaram com os créditos na recuperação judicial de uma das usinas do grupo.

A Radix entrou diretamente com o correspondente a R$ 80 milhões em precatórios (a gestora não abre o deságio na compra) e trouxe o restante para co-investidores estrangeiros, que já são seus usuais cotistas – a gestão de todo o ativo fica com a firma.

“É um volume relevante, considerando que o ativo médio dos nossos fundos é de R$ 200 mil, então precisávamos equilibrar isso na carteira”, diz Pedro Campos, sócio da Radix. “Essa transação é emblemática para esse novo patamar da companhia, acessando ativos maiores com co-investidores”, emenda André Walter de Oliveira, também sócio da gestora.

A dinâmica da companhia entre os grandes e pequenos créditos se reflete até em seu endereço, brincam os sócios. A Radix fica no Largo da Batata, em São Paulo – um circuito mais popular, relevante para estar perto da originação de precatórios menores, mas a poucos metros da Faria Lima, para estar próxima dos grandes.

Radix compra R$ 400 milhões em precatórios da Copersucar

A Radix gere atualmente 11 FIDCs, alimentados por cinco fundos feeder, que somam R$ 1 bilhão sob gestão – capital principalmente de family offices, institucionais estrangeiros e indivíduos de alta renda. A gestora estima fechar o ano em R$ 1,5 bilhão de AUM.

Os fundos miram retornos líquidos entre 20% e 25% ao ano para o investidor. O primeiro fundo da casa começou a dar retorno do capital agora e, segundo os sócios, atingiu o patamar esperado. “Nosso downside potencial é pagar Selic, já que o ativo é corrigido pela taxa, o que é relevante num cenário como o atual, com fundos de crédito, por exemplo, sofrendo impactos de Americanas, Light e outros”, compara Oliveira.

Nos últimos dois anos, no entanto, o mercado de precatórios também deu uma chacoalhada. Os ativos, que vinham atraindo mais investidores diante da taxa de juros baixa que obrigava a diversificar a carteira por retorno, voltaram a ser vistos como risco alto, devido a mudanças de regras.

“O mercado mudou muito desde julho de 2021, quando Paulo Guedes anunciou a chuva de meteoros”, diz Campos. O então ministro da Fazenda revisou as normas para pagamento dos ativos judiciais, criando filas de pagamento. A proposta inicial era a quitação de dívidas menores, jogando para depois de 2027 os tíquetes mais elevados.

“O regime de pagamento ficou esquizofrênico. Esse é o segundo ano de aplicação da regra, mas não se sabe a velocidade das quitações e criou-se o conceito da fila de não pagos, que incluem pequenos tíquetes. É uma incerteza que precisa ser colocada no preço”, diz o sócio. “Hoje temos um cenário inédito, que são safras simultâneas a pagar, como precatórios federais de 2022 e 2023, ativos comum e alimentar de 2024 e 2025, e cada um tem um valor.”

O estoque de precatórios no país para ser pago este ano é de pouco mais de R$ 140 bilhões, segundo o Tesouro Nacional…. leia mais em Pipeline 13/06/2023