A parceria GetNet e Santander para o credenciamento de estabelecimentos comerciais para o uso de cartões incomoda cada vez mais as líderes do mercado, já que a participação está em 4,8%, quando em abril era de 3,5%. A projeção da companhia permanece em atingir 10% até o final de 2013. Hoje, a Cielo possui 61,1% do mercado de adquirência e a Redecard tem cerca de 31%.

 O diretor-executivo de Negócios da GetNet, Rubens Fernandes Gil Filho, revelou, inclusive, que a companhia possui 400 mil estabelecimentos comerciais cadastrados em toda a sua rede, sendo 250 mil somente na parceria com o Santander. “A adquirente é o Santander e nós fomos os precursores do rompimento da exclusividade.” O faturamento geral da companhia, que inclui outras operações de serviços financeiros, foi de R$ 3,5 bilhões em 2011, com expectativa de fechar 2012 em R$ 3,7 bilhões.

 O fim dos contratos de exclusividade mencionado pelo diretor diz respeito à abertura do mercado de cartões no Brasil, em julho de 2010, quando outras empresas puderam iniciar a aceitação das principais bandeiras internacionais. Antes somente a Cielo (ex-Visanet) credenciava a Visa, e a Redecard, a Mastercard.

 Ao ser questionado sobre os motivos pelos quais a empresa Santander GetNet é a única a ganhar espaço desde a abertura do mercado de cartões, Gil Filho detalhou que a entrada e desenvolvimento não são simples. “Só a GetNet entrou porque não é tão simples. Há particularidades e a instalação de um POS [point of sale, ou ponto de venda] não é fácil. Para se habilitar é preciso ter um sistema tropicalizado, como adaptação ao parcelamento sem juros.” O diretor menciona especificidades regionais, como cobertura de rede telefônica e características em cada setor do varejo.

 Segundo Álvaro Musa, presidente da Partner Conhecimento e um dos organizados do Congresso de Cartões e Crédito ao Consumidor, C4, concorda que o negócio exige investimentos e alcance. “Cielo e Redecard já possuem escala muito grande e os novos entrantes não têm como fazer o investimento sem uma grande escala de transações. Para isso, precisam se alinhar a um banco com grande distribuição.” 

Musa menciona que no mundo todo a instituição financeira funciona como a adquirente, contratando uma empresa de tecnologia para executar as funções operacionais. “Modelo parecido ao que existe entre o Santander e a GetNet. Banco com função de gestor do fluxo de caixa, como parte do relacionamento total”, diz Musa.

 Mas o processo não está completo no mercado nacional. “Isso não está dando certo. A Global Payment, por exemplo, tentou se juntar com o HSBC, que desistiu. A Elavon se uniu ao Citibank, mas ainda falta alguma coisa”, complementou o especialista do setor.

 O presidente da Credicard, do Citibank, e do conselho de administração da Elavon, Leonel Andrade, afirma que a companhia não tem como estratégia a competição com as grandes adquirentes. “A Elavon pensa diferente, com práticas globais que agregam valor em determinados nichos. Queremos 8% do mercado nos próximos 10 anos, mas não temos a pretensão de ser um grande player.”

 Até a última terça-feira, de acordo com Andrade, a Elavon completou a instalação de mil máquinas POS. “Até o final do ano serão 20 mil, o que também não é nada, mas está funcionando. Então, não tenho a pretensão de dizer que seremos do tamanho dos principais.”

 Ao final do primeiro semestre, a Cielo totalizou a instalação de 1,6 milhão de equipamentos POS, aumento de 17,4% sobre o mesmo período de 2011. A Redecard finalizou o período de janeiro a junho de 2012 com base instalada de 1,085 milhão, o que representou uma queda de 4,4% contra o ano passado.

 Durante a apresentação dos resultados, o presidente da Cielo, Rômulo Mello Dias, revelou que será difícil manter a participação de 61,1%, pois “o cenário está mais desafiador”, principalmente com o Santander GetNet.

 A alternativa para as novas companhias que chegam – Elavon, Global Payment e First Data – está na segmentação, opinou Álvaro Musa. “Não há espaço para mais de três players. Em outros países, a atuação ocorre por nichos. Aqui já vimos a Petrobras com uma rede para seus postos de gasolina.”

 O presidente da GetNet, José Renato Hopf, acredita que há oportunidades não exploradas, como no interior dos estados ou em bairros da cidade de São Paulo, onde foi encontrada baixa captura de transações. “Há oportunidades em nichos. A competição abriu possibilidades para os estabelecimentos conseguirem barganha de preços, eficiência e qualidade no atendimento”.

 Hopf diz que a entrada do Santander GetNet gerou concorrência e que a aceitação tem sido positiva, com 27 mil estabelecimentos credenciados por mês.
Fonte: DCI 16/08/2012