Há cerca de dois meses, a fabricante de relógios Technos, por meio de um comunicado interno, informou a alguns de seus funcionários que estava prestes a fechar duas aquisições. A primeira delas, a incorporação da Touch, já foi anunciada, no fim de julho. A segunda, ainda não concretizada, é a compra da Dumont, apurou o Valor. Procurada, a Technos informou que não comenta boatos. E a Dumont negou que esteja em negociação.

 O segmento, na expectativa do mercado, deverá passar por consolidação. Por ser uma companhia listada, a Technos, que já é lider no setor, desponta como candidata a concentrar o mercado. A empresa levantou R$ 461 milhões na bolsa ano passado – 60% dos recursos foram para o bolso de acionistas vendedores; os 40% restantes, ou R$ 180 milhões, ingressaram na companhia. Parte do dinheiro foi usado para pagar dívidas. Conforme o último balanço, R$ 75 milhões estão em caixa. A Technos também pode usar suas ações como moeda.

 A compra da Touch foi avaliada em R$ 40 milhões – metade foi pago em dinheiro e a outra metade está atrelada aos resultados da empresa nos próximos três anos. Essa aquisição fez sentido para a Technos pelo modelo de distribuição da Touch, que possui 100 franquias espalhadas pelas principais cidades do país, entre lojas e quiosques. A Touch será uma alavanca para a operação de varejo – até então, a Technos focava o atacado.

 Já o sentido da aquisição da Dumont está na complementaridade dos portfólios de ambas. Hoje, a Technos possui duas marcas próprias, Technos e Mariner, além de operar os selos Mormaii, Euro, Allora, Timex e Seiko. O perfil dos produtos atende à classe média.

 Já a Dumont tem a marca própria que atende a classes mais populares e forte penetração no segmento de alta renda, com grifes como Diesel, Armani, Burberry, Fossil, Marc Jacobs e Michael Kors.

 Como esse anúncio ainda não se concretizou, há especulações no mercado de que o apetite da Technos fez acordar outra empresa do segmento, a Seculus. No caso desse grupo que surgiu nos anos 60 e tem sede em Minas Gerais, os relógios são apenas uma parte dos negócios. Ele atua também nos setores de imóveis, financeiro e de serviços. No segmento, seria a empresa com mais condições de brigar pela liderança com a Technos. A Seculus, que no momento profissionaliza seus negócios, não quis se pronunciar. Por Ana Paula Ragazzi
Fonte: Valor Econômico 16/08/2012